Giz, A Saudade de si Mesmo

Renato ao lado da irmã

     Giz, escrita em primeira pessoa, sem muitos mistérios, simples, mas, ao mesmo tempo, muito complexa. Como grande parte das músicas da Legião Urbana, fala sobre o amor, de um amor por algo que ficou para trás, mas que jamais será esquecido.
      O próprio Renato Russo explicou, no álbum Como é que se diz eu te amo CD2, do que a música tratava. Ele disse ao fim da canção: "Essa música que a gente tocou é sobre quando (...) a gente voltava da escola e começava a chover, a gente pegava tijolo de construção mesmo pra ficar desenhando o sol. Isso aos sete anos de idade, oito anos de idade. E essa música é sobre isso, sobre um Rio de Janeiro que já foi, já foi embora."



     Até pouco tempo, mesmo com essa afirmação do Renato Russo, acreditava que a música tratava do amor do eu lírico por um alguém que deixou pra trás, mas que saberia que jamais esqueceria. No entanto, mudei de opinião.

Renato comendo

     Tenho duas vertentes de idéias, a primeira, descrita acima, e a segunda é de que a música relata o amor de Renato Russo pelo Rio de Janeiro. Mas não o Rio de Janeiro em si, e sim o amor e a saudade do que ele era quando criança, sem tantos tormentos, sem crises depressivas, o que explicaria, de certa forma, a razão dele mesmo considerar Giz como a melhor música da Legião Urbana.
     A ironia está no fato de que, na minha cabeça, vigoram as duas vertentes. A saudade que Renato Russo sentiria pelos seus tempos de criança, no Rio de Janeiro, poderia ser resumida na saudade de alguém que deixou pra trás, e que sabe que jamais esquecerá, ele mesmo.
     Renato Russo começa a letra falando da distância que há entre ele e a sua cidade, que no caso representa a sua infância que, consequentemente, representa um momento bom de sua vida, do qual sente falta.

Aos dois meses, no colo da mãe

     E descreve um hábito infantil seu: "Eu rabisco o sol que a chuva apagou". Relata esse hábito por tê-lo como uma boa lembrança. Então referindo-se a si mesmo, fala: "Quero que saibas que me lembro. Queria até que podesses me ver. És parte ainda do que me faz forte e, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz.".

Na Ilha do Governador durante o carnaval

     Renato Russo quis dizer que ainda lembra-se dos tempos felizes de sua infância, que o menino que desenhava os sóis nas calçadas ainda está dentro dele, mas que, honestamente, isso o faz infeliz, pois já não é totalmente aquele menino, que tinha como única e exclusiva preocupação fazer a chuva parar de cair.
     No entanto, mesmo que essa lembraça o faça um pouco infeliz, está tudo bem. Não se incomoda com isso. E finaliza dizendo estar apaixonado por alguém, mas que a única pessoa de quem jamais esquecerá é ele mesmo.