Já falei sobre a música Daniel na Cova dos Leões aqui no blog, inclusive foi esse o primeiro post do Interpretação Pessoal. No entanto ainda tenho pesquisado sobre essa canção por uma razão simples: grande parte das pessoas acha que essa música retrata uma relação homossexual, mas eu não!
Bem, eu admito que é até fácil sugerir que a letra fala da homossexualidade e, como muitos dizem, foi a primeira letra na qual Renato Russo mostrou suas tendências homossexuais. Eu mesma, assim que vi a letra de Daniel na Cova dos Leões convenci-me de que se tratava de um relacionamento homoafetivo. Mas algo não se encaixava: o título.
Por qual motivo sobrenatural o Renato Russo escolheria o título de uma parábola blíblica para uma música que relata um relacionamento homossexual? E a resposta é: não escolheria.
Daniel na Cova dos Leões tem esse nome pelo simples fato de tratar da parábola de Daniel na Cova dos Leões. E o objetivo deste post é, não só provar a minha visão sobre a letra, como também mostrar as evidências que me levam a desacreditar na teoria homossexual desta canção.
A idéia de que a música relata um relacionamento homoafetivo inicia-se já nos primeiros versos, onde Renato Russo diz: "Aquele gosto amargo do teu corpo ficou na minha boca por mais tempo. De amargo, então salgado, ficou doce assim que o teu corpo forte e lento fez casa nos meus braços e, ainda leve e forte, cego e tenso, fez saber que ainda era muito e muito pouco."
Os aderentes das idéias homossexuais nessa canção diriam que o ato relatado nos versos acima citados é o sexo oral, e eu, apenas para variar um pouco, digo que não. Prestando bastante atenção nos detalhes percebe-se: "De amargo, então salgado, ficou doce assim que o teu cheiro forte e lento fez casa nos meus braços". Isso significa que o gosto amargo do tal corpo ficou na boca do dito eu lírico em um momento anterior, no qual o tal corpo foi embora, e que as oscilações de sabores para salgado e doce ocorreram na volta do tal corpo. Portanto, as oscilações de sabores não decorrem do sexo oral, já que, para tanto, seria necessário que tais oscilações decorressem no instante exato no qual foi realizado o ato sexual.
E a explicação para tais versos? Simples! "Aquele gosto amargo do teu corpo ficou na minha boca por mais tempo" refere-se à uma mágoa sentida pelo eu lírico (O rei da Babilônia, Dário) em relação à segunda personagem desta canção (Daniel).
Para quem conhece a parábola bíblica tudo já vai ficando mais claro: quando Daniel, judeu convicto, desobedeceu as ordens de Dário de não cultuar nenhum homem ou Deus num período de trinta dias, este ficou bastante ofendido e triste por saber que Daniel, a quem pretendia eleger vice-rei, não o havia respeitado. Daniel deixou na boca de Dário um gosto amargo.
E, tendo descumprido uma lei, Daniel teve sua punição: foi lançado à cova dos leões. E permaneceu lá durante uma noite inteira, enquanto Dário mal dormia, mal comia, mal respirava. No entanto, o Deus de Daniel o salvou e não permitiu que os leões sequer chegassem perto dele. Pela manhã, Dário foi até a cova dos leões e viu que Daniel permanecera intacto com a ajuda de seu Deus judeu. Então, o gosto amargo que Daniel havia deixado na boca de Dário foi, aos poucos melhorando: ficou salgado e, finalmente, doce, pois Dário sabia que, apesar de tê-lo desobedecido, Daniel estava certo quanto ao seu Deus.
A mágoa que Dário sentira desapareceu assim que viu Daniel vivo ("De amargo, então salgado, ficou doce, assim que o teu cheiro forte e lento fez casa nos meus braços").
A partir de então, Dário sentiu confiança em Daniel. Adotou o judaísmo e declarou que todos do seu reino deveriam cultuar o Deus de Daniel, mesmo sabendo não ser isso o que os seus súditos conheciam como certo. Passou a confiar os seus segredos a este homem, como já era seu plano inicial de tornar Daniel vice-rei.
E, mesmo tornando-se judeu, algo considerado para aquela sociedade, até certo ponto, como errado, Dário não se sentia inseguro, pois tinha presenciado o milagre daquele Deus. Entendia também a temencia de Daniel, que orava, literalmente religiosamente, todos os dias, três vezes ao dia. E isso também não o deixava confuso.
Até aqui, tudo bem. Mas outro ponto polêmico da canção diz: "teu corpo é o meu espelho e em ti navego. Eu sei que a tua correnteza não tem direção".
Outra vez, os adeptos da teoria de que Daniel na Cova dos Leões trata-se de um relacionamento homossexual, interferem na minha análise e interpretação desta letra. Diriam eles: o espelho reflete o corpo, um reflexo igual, idêntico. E homo quer dizer igual. Portanto, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo. Mas esses mesmos versos, na minha visão, significam que Dário, a partir de então, se espelhará na imagem de Daniel, temente ao Deus vivo, mesmo sabendo que nunca poderá ter absoluta certeza, apesar de estar convicto, de todos os poderes de tal Deus, mesmo sabendo que não é um rumo certo, uma rota precisa.
E então o Renato finaliza com os versos que mais gosto e admiro nessa música e que jamais se encaixaria em qualquer teoria homossexual que fosse. Ele canta: "Mas tão certo quanto o erro de ser barco à motor e insistir em usar os remos, é o mal que a água faz quando se afoga e o salva-vidas não está lá porque não vemos".
Passei horas, dias, semanas tentanto entender esses versos. Versos de significados simplérrimos, onde a substituição de palavras é fundamental. Renato Russo com o seu brilhantismo queria dizer que, ainda que Dário não soubesse os rumos da religião, a seguiria, pois como é um erro que você tenha talento para vendas e insista em ser um artista plástico ("tão certo quanto o erro de ser barco a motor e insistir em usar os remos"), é também um grande erro e nos faz muito mal não acreditarmos em Deus, apenas por não o vermos ("é o mal que a água faz quando se afoga e o salva-vidas não está lá porque não vemos").
Enfim, é "apenas" isso. O verdadeiro significado da canção Daniel na Cova dos Leões é o mesmo da parábola homônima. No entanto, as pessoas têm o péssimo hábito de achar que todas as músicas do Renato Russo falam de drogas, depressão e da homossexualidade, apenas por ele ter esses elementos em sua imagem.
Thamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal. Continue lendo sobre Thamirys Pereira ou Sobre o Blog Interpretação Pessoal. |
Put'z .. Um puta texto nota 10 ! Acho que Renato deixa em algumas músicas essa tal "parábola anônima" em evidência, mas conforme você vai conhecendo o que ele quer dizer você acaba entendendo o que a música significa pra si mesmo!
ResponderExcluirAchei interessante o ponto de vista de Thamirys,porque eu não havia enchergado por esse lado,mas sinceramente tbm acredito na hipótese dele se referir a homossexualidade sim.Porém vc está de parabéns por nos fazer refletir de um jeito diferente.Bjs
ExcluirAcho que a letra nao e de dificil compreensao.Renato pos este nome na musica por ser de uma familia catolica conservadora, e como ele mesmo citou em uma entrevista a MTV ; tinha medo de se assumir pois no ambiente em que creceu a homossexualidade era vista como uma doenca.
ExcluirEsse e o meu ponto de vista depois de ler e assistir alguns videos do Renato.
A letra e gay. Não tem pra onde correr. Basta ver o vídeo dela naquele show de 1994 e ver o Renato fazendo insinuações sexuais. Mas cada um é livre pra interpretar como quiser.
ExcluirParabéns, fiquei achando q a música se referia ao homosexualismo, mas, a legião urbana tem músicas excelentes com letras reflexivas, então realmente não era essa introdução, e ele também não daria esse título tratando de outros assuntos, realmente esse post ficou muito legal, ótima a interpretação que você fez pra si mesmo, parabéns!!!!
ResponderExcluirmaravilhosa interpretação, sera em breve um Arnaldo jabor.....
ResponderExcluirAquele gosto amargo do teu corpo ficou na minha boca por mais tempo. De amargo, então salgado, ficou doce assim que o teu corpo forte e lento fez casa nos meus braços e, ainda leve e forte, cego e tenso, fez saber que ainda era muito e muito pouco."
ResponderExcluirvelho ele ta falando de cocaina....
a quele gosto amargo do seu corpo(o corpo amargo q ele fala nesse trexo eh da coca,
De amargo, então salgado, ficou doce assim que o teu corpo forte e lento fez casa nos meus braços e, ainda leve e forte, cego e tenso,(aqui ele ta falando da pira do pó bom eu n sei como q eh mas eh ctz q ele ta falando de sensação q a droga traz...)
fez saber que ainda era muito e muito pouco." (bom aqui ele ta falando da quantidade quando o cara chera muito ele pensa q vai ficar susse que já uso muito mas depois da vontade de usar mais pra n ficar em depreção....
foi mal ae se eu n me expressei direito mas espero que eu tenha contribuido hehe...
Já li muito a respeito da teoria que fala que essa música diz respeito ao uso de drogas também. E eu realmente não consigo acreditar nela. Em alguns versos separados essa teoria se encaixa bem, mas na música toda, não...
ResponderExcluirDe qualquer forma, toda opinião é válida e bem-vinda.
Acho que essa canção trata dos dois temas ao mesmo tempo...
ResponderExcluircara parabéns eu sou evangélico e queria muito saber o porque ele escolheu a parábola de Daniel como titulo ja que eu não via ligação mais vc achou parabéns que Deus te abençoe
ResponderExcluirTrecho do livro Renato Russo de A a Z
ResponderExcluirNunca perguntei a eles [os outros componentes da Legião] o que
achavam das letras. Não queria ficar indefinido como Stipe [REM] ou
Morrisey [The Smiths]. Mesmo assim, as pessoas confundem. Maurício
não é uma música gay. O personagem fala na primeira pessoa. E isso não
surgiu com Meninos e meninas. Daniel na cova dos leões, do segundo
disco, já falava sobre sexo oral. (1995)
Jean
Também li. E é exatamente isso, infelizmente é uma música com tema bíblico porém instintivamente gay!
ExcluirAnônimo/Jean,
ResponderExcluirClaro, claro, as entrevistas do Renato... Não é o primeiro a me lembrar delas.
Ele também havia dito (não numa entrevista, mas na gravação de um CD) que a música Giz fala de sua infância. Eu, pessoalmente, não acredito em quase nada do que o Renato Russo dizia sem estar cantando, apesar de entender que a canção não trata absolutamente da parábola de Daniel e que também tem elementos homossexuais.
A música em si seria uma crítica à religião que condena o relacionamento homossexual. Mas isso é assunto pra outro post.
Obrigada pelo seu comentário!
Thamirys, bom dia!
ResponderExcluirVocê é meio contraditória, você diz no começo do post que não acredita que a musica trata de homossexualismo mas no comentário a cima você coloca "apesar de entender que a canção não trata absolutamente da parábola de Daniel e que também tem elementos homossexuais".
A música faz sentido se tratando de homossexualismo e o Titulo é uma comparação com o Daniel da parábola onde ele foi preso por crer em algo que os mais poderosos não criam, sendo assim R. Russo colocou este titulo para mostrar como se sentia, ele se comparou a Daniel, como?! Ele se compara a Daniel por ele crer num amor homossexual e se sentir rejeitado porque a religião não permitia e também a população não aceitava e era preconceituosa, assim sendo ele se sentiu trancado em uma jaula, sem poder expressar seus sentimentos...
Jean
Parabéns !
ExcluirMuito boa sua colocação Thamirys! Acredito sim que ele escreveu essa letra com esse sentido citado por você, uma letra simplesmente bíblica aos olhos de quem não sabia que ele era homossexual. Mas a partir do momento que nós passamos a saber de sua homossexualidade ficou claro também, mas a intenção dele foi causar essa ambiguidade e você acertou na mosca mostrando esse lado bíblico da letra que eu mesmo não havia notado, principalmente a história de Daniel, já a intenção do Renato foi abordar os temas religiosidade e homossexualidade. Isso mostra como Renato era um mestre na arte da escrita e musical também, viva Renato Russo e parabéns pra você Thamirys.
ExcluirJean,
ResponderExcluirveja bem, sou contraditória, sim! O que acontece é que toda interpretação que faço aqui é uma defesa de um ponto de vista. Neste post defendo a ideia de que a música não trata da homossexualidade nem do uso de drogas (fiz isso pq procurando na net, só encontrei essas teorias). Há muita coisa que eu deixei de falar sobre essa música. O que eu entendo é que o Renato Russo não era unilateral. Ele era um personagem redondo, digamos assim. Ele não falava apenas sobre uma coisa. Pessoalmente, independente do que publico aqui, essa música trata da ironia que ele usa ao relacionar a relação de Daniel e Dário com a dele e algum companheiro/namorado. O objetivo desse blog não é exatamente expor a minha opinião sobre a canção, mas expor uma das muitas interpretações que eu possa fazer sobre uma música. Tanto é que há posts onde publico mais de uma interpretação sobre uma mesma música.
Eu vejo muito bem sua interpretação, acredito nela também, talvez até faça um post sobre como eu posso estar errada nessa interpretação. E depois até faça uma interpretação sobre a relação da canção com o consumo de drogas.
Entenda, isso não é o que eu penso, é o que pode-se concluir...
A interpretação está mt interessante. Mas imaginar que Renato Russo fez uma música bíblica, foge do contexto de sua obra. O próprio Renato afirmou que a música em questão falava de sexo oral. Já que vc não achou conexão entre o título da música e seus versos, eu tenho uma sugestão: Daniel foi preso por querer ser diferente, não queria comer as comidas do rei, nem adorar o seu deus. O mesmo acontecia com os homossexuais na época do Renato, eles eram condenados pela sociedade por serem diferentes. Dessa forma, acredito que a música fala de homossexualismo sim.
ExcluirCara Thamirys, tb sou evangélico e curtir muito sua interpretação sobre a letra, sempre gostei da legiao urbana.
ResponderExcluirThamirys Pereira
ResponderExcluirEu acho que a sus interpretação tem mais a ver com a musica
começando já pelo nome, é uma letra que confunde mesmo mais
eu acredito que sia interpretação seja o que a musica diz!!!
Parabéns !!!!
Já ouvir várias interpretações sobre essa música...mas essa pelo lado Bíblico é perfeita linda demais!
ResponderExcluirEra só o que faltava.. o proprio Renato dizer que a musica fala sobre sexo oral e voces nao acreditarem nele...
ResponderExcluirQuerida Thamirys,
ResponderExcluirEu concordo e discordo desta sua reflexão pois, não seria possível o Renato ter feito esta música sobre a parábola como vc mesmo diz e ao mesmo tempo usá-la para dizer sobre seus medos, dúvidas e convicções homossexuais? Quem pode dizer?? Daniel estava preso na cova dos leões como muitos homossexuais estão presos em suas próprias tendencias...
tem alguma entrevista dos autores da musica a respeito disso?
ResponderExcluiracho que já que o próprio renato fala que é sobre sexo oral não tem como dar outras interpretações. um fato interessante é sempre analisar pela ótica do momento que ele escreveu a letra, como essa foi no começo da carreira axo que ele ainda não estava no vício das drogas, no qual por exemplo é mais fácil identicar no "cinco" onde ele estava mergulhado nas drogas, inclusive a música "a montanha mágica" fala só sobre o vício dele nas drogas. Então concluo que a musica é sim sobre homosexualismo e provavelmente ele utilizou o título para fazer uma analogia com a vida dele naquele momento.
ResponderExcluirQuerido anônimo, obrigada pela sua opinião, muito bem-vinda aqui! Só algumas ressalvas: "A Montanha Mágica" não fala exclusivamente sobre o vício nas drogas, e não é homossexualISMO, mas homossexualIDADE. O prefixo ISMO é geralmente usado para designar doenças, e atrair-se pelo mesmo sexo não é doença.
ExcluirNo mais, obrigada.
eu acredito no Renato Russo se ele diz que eh sobre sexo oral eh pq eh sobre isso e pronto.amooooooooooooo Renato russo...
ResponderExcluirAmigo, acho que quem acompanha o blog sabe que não é você o único por aqui que não apenas admira o Renato Russo, mas ama, como eu também.
ExcluirRecomendo que leia os comentários acima, onde explico que esta é uma versão de uma música, o que não significa que eu realmente acredito nela, nem que esteja certa.
Como já disse muitas vezes por aqui (o que acredito você não tenha visto), não estou preocupada em estar certa ou errada, nem em apresentar uma corrente de pensamento que explicite o real significado de uma música.
Sugiro que leia a página "Política", onde explico da finalidade deste blog. E sugiro ainda que, caso não esteja, ainda, totalmente satisfeito, se retire, não apareça mais por aqui e crie o seu próprio blog, onde poderá mostrar toda a sua influenciabilidade, originalidade e seu "pensamento" com propriedade...
O próprio renato falou que era sobre relacionamento homo. Foi com ela e soldados que ele saiu do armário, inclusive.A frase"teu corpo é meu espelho e em ti navego" é bem clara. dois homens. GIuliano Ruchinsque
ResponderExcluirEu não rejeito a teoria de que a música fale de um relacionamento homoafetivo. Aliás, pra quem lê os comentários, fica claro que eu creio que a música nada mais é do que uma crítica, não à religião (Renato não era desses), mas a aquelas pessoas que, geralmente extremamente religiosas, criticam a homossexualidade.
ExcluirE quer modo melhor de criticar estas pessoas do que fazer alusão de uma parábola bíblica com um relacionamento homoafetivo?
Acontece que, neste texto, como faço em quase todos os meus textos, não quis expressar verdade, nem que é esse o real significado da música. Eu não as interpreto realmente! Não se interpreta arte pq esta já é uma interpretação da vida! Eu apenas argumento em razão de uma teoria. Sobre essa música, inclusive, iria postar mais dois artigos... não vou mais.
Então pq argumentar em torno de que "Daniel na Cova dos Leões" não fala da homossexualidade? Será que sou religiosa demais para isso?
De modo algum! Acontece que as pessoas estão muito acostumadas a digerir pronto o que o Renato dizia. É preciso pensar... Renato Russo tbm disse que "Sereníssima" se chamava assim por ter um ritmo rapidinho. E que "Giz" falava sobre a infância no Rio de Janeiro (o que não deixa de ser), mas não é apenas isso!
Pensem!!
Sinceramente eu prefiro acreditar na ambiguidade da música simplesmente pelo fato de haver relatos do próprio Renato quanto a algumas músicas se referirem a sua homossexualidade. De forma sutil, ele realmente descreve uma relação homoafetiva sim, provavelmente o ato carnal que confirmou o seu gênero, a descoberta em efetiva. A genialidade dele consiste em instalar essa já citada ambiguidade como escudo para um suposto questionamento sobre sua sexualidade, pois convenhamos, na época de criação da música a sociedade era bem mais conservadora e intolerante que nos dias atuais.
ResponderExcluirNo mais, ótima interpretação! Eu, na minha perspectiva, interpretei em função de um momento em que estava gostando de uma mulher casada, de ter tido relações com ela e talz. O fato que me baseei foi a imoralidade de cobiçar a mulher alheia e do adultério em si. Apesar de estar sentindo que estava fazendo algo errado, estava gostando da situação. Enfim uma situação encarada como imoralidade, sendo que pra alguns tão intensa como a homossexualidade. Na minha visão se encaixou perfeitamente. =D
=D
ExcluirQue tendência a manter a ingenuidade Thamirys, a esticá-la para além do devido. Por que? Por dois motivos, para preservar a doce ilusão de um mundo onde a maldade e as desavenças são afinal das contas em número e intensidade inferior ao Bem, que sempre prevalece, e para evitar de tomar uma atitude, que acredito seja o que mais assusta. Quem teme a luta e o confronto prefere a ingenuidade. Quem não se sente capaz de aguentar a vida, também.
ResponderExcluirA ingenuidade tolhe muita gente inteligente de ser responsável, palavra que significa saber dar respostas condizentes às situações que se apresentam. Acaba-se por ter um juízo distorcido, insistindo na bondade de tal pessoa ou na possibilidade “que as coisas melhorem” quando ao olhar objetivo e realista o passado e o presente já deram indicações suficientes do que está acontecendo e do que é provável que aconteça. Queremos manter acesa a chama da esperança? Sim, religião é a muleta essencial da natureza humana, da qual ele - homem, não consegue viver sem.
Já disse o Mestre:
-Deus está morto e não foi eu quem matei.
Karl Heinrich Marx, revolucionário seguido e idolatrado por Renato Russo.
Acho que não preciso trancrever aqui a letra de Fátima né Thamirys?
G. K.
É tão absurda a imagem que as pessoas fazem de mim! Não te culpo, amigo, por esse erro em relação a minha personalidade. É natural, já que não me conheces e nunca ouviu sequer uma palavra da minha boca. Mas não, não me julgue.
ExcluirNão é tendência a manter a ingenuidade, G. K.. E, por não ser, não podes dizer se quero ou não preservar uma ilusão de minha mente, ou ainda dizer o que me assusta.
Pela interpretação, pelo texto que escrevi, creio que tu aches que sou uma religiosa fanática, católica fervorosa... Não que seja de alta relevância, mas saiba que, além do dia do meu batizado (aos nove meses de idade), nunca frequentei, nestes quinze anos de vida, nenhuma igreja e nem preciso.
Que a religião é um apoio? Não tenha dúvidas! E, embora creia em algo diferente da maioria, não sou descrente, tenho a minha própria corrente religiosa.
Quanto à Marx, não me importa se Renato Russo o idolatrava. Eu não idolatro o Renato, apesar de o amar, e não penso como ele.
Quanto à "Fátima", você deveria ver a interpretação desta música aqui no Blog e também, se assim preferir, no blog de um amigo:
http://olivrodosdias-interpretacao.blogspot.com.br/2012/01/interpretacao-fatima.html
Acho que não preciso transcrever aqui a letra completa de "Natália" né, G.K.? Mas alguns versos te ajudariam a pensar:
"É preciso acreditar num novo dia, na nossa grande geração perdida, nos meninos e meninas, nos trevos de quatro folhas..."
Thamirys tenha dignidade definindo uma linha de honestidade e ação correta baseada na justiça e nos direitos humanos, construída através de uma reputação moral favorável ao indivíduo. Respeitando todos os códigos de ética e cidadania e nunca transgredindo-os, ferindo a moral e os direitos de outras pessoas; assim sendo publicando esses meus comentários que são isentos de qualquer tipo de ofensividade, não sendo mal intencionados, tendo como único propósito a reflexão ok?
ResponderExcluirObrigado,
G.K.
Todos, indiscutivelmente, todos os comentários deste blog estão sujeitos a moderação. Publico quando tenho tempo, quando os vejo.
ExcluirMas tu tens um tom de acusação tão grande em tuas palavras!
É difícil que alguém cobre liberdade de opinião quando não dá a cara à tapa. É estranho!
Falas de ferir a moral e os direitos de outras pessoas. Pergunto-me, em retórica, que estais fazendo agora que não julgar-me e, sem coerência, acusar-me de coisas desnecessárias e, acima de tudo, absurdas?
Sugiro que repense o que tem a dizer, amigo.
Sugiro que leia mais, visto que a moderação de comentários é explicitada.
Sugiro, por fim, que você, acabe respeitando os outros.
Não concordo absolutamente em nada do post! É um esforço imenso de procurar uma interpretação que não seja sobre a "monstruosa" homossexualidade.
ResponderExcluirMas enfim, liberdade de expressão é isso, nem sempre vamos ler(ouvir e ver) coisas que gostamos.
Thamirys,
ResponderExcluirMinha opinião... Ok?rsrs A canção se refere a uma relação homossexual. Mas aí você me pergunta. Porque Daniel na cova dos leãos?? talvez apenas pela última frase... apenas um detalhe...por uma antitese... algo que ele procurou, mas infelizmente não descobriu... o Senhor. Irei destrinchar..rs
Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos...
Ele sabia do seu sentimento, poderia ser intenso. Mas não era. Por medo...
É o mal que a água faz quando se afoga...
A água aqui seria o amor... O medo de amar demais... e se machucar...
E o salva-vidas não está lá porque não vemos.
Aqui o salva-vidas é o Senhor... Mas ele não viu ... (engraçado que ele aqui usa o termos nós). Uma antitese, como te disse no começo. Porque ele não viu, mas o profeta Daniel viu e teve fé... E o Senhor foi o seu salva vidas, o salvou da cova dos leões...
Fica claro que o Renato buscava, lia as escrituras. Mas infelizmente não consegui encontrar o verdadeiro Deus vivo...
Espero que tenhas gostado da minha interpretação,
Abração,
Rodrigo
rodrigo_orkut@yahoo.com.br
Oi, Rodrigo!
ExcluirEste post tava precisando de um ar mais amistoso, e você deu a ele o que precisava...
Enfim, gosto bastante da tua interpretação. Mas discordo quando diz que acha que o eu lírico (seja o Renato ou não) não descobriu o Senhor. Eu entendo a razão de ser "Daniel na Cova dos Leões" como se ele quisesse contestar o fato de a religião criticar o relacionamento homossexual.
Acho realmente que o que o Renato quis dizer é que amor não faz mal a ninguém, seja amor de qualquer tipo... E pra ilustrar que está certo, usa a parábola de Daniel e Dário, que não era uma relação homoafetiva, mas uma relação homoafetiva tem muito do que tinha entre Dário e Daniel.
Quando fala de "tão certo quanto o erro de ser...", creio que queira dizer que não se pode esconder o desejo pelo mesmo sexo. É um erro querer ser quem você não é. E quando diz "é o mal que a água faz...", creio que quis passar que é um erro ainda pior não ver isso.
Acho que nem discordo tanto assim de você. Creio que o que tu disses esteja certo e, junto a isso que exponho, esteja completo. Ele sabe que é errado, mas tem medo de amar, de se machucar. E quando ele usa "nós", creio que se refira não somente a ele e com quem se relaciona, mas também a tantos outros que nem conhece e passam por essa situação.
No mais, abraços, meu caro! Seja sempre bem-vindo!
Thamirys,
ExcluirPeço desculpas... Pois fui inconcluso em minhas observações. Só destrinchei o final. Agora farei a minha interpretação por um todo.
Na minha opinião, (retendo minhas considerações anteriores)a musica não gera nenhuma critica ou contestação religiosa. Apenas um conflito...sim um conflito humano, um conflito dele. Entre os sentimentos (o que ele sentia) versus o seu eu espiritual. Fica evidenciado isso, só pelo nome da musica " Daniel na cova dos leões" era como ele se sentia no momento que escreveu a canção (Em uma cova com os leões...). Te digo com propriedade que neste momento de sua vida, ele procurou as escrituras... Procurando respostas para seus conflitos. Achou o parabola de Daniel...
Te disse que fui inconcluso com você, quando disse que ele não encontrou verdadeiramente o Deus vivo. Ficou parecendo que ele não cria em Deus, então te passei um falsa observação. Ele acreditava na existencia de Deus. Pois "E o salva-vidas não está lá porque não vemos". Ele não disse que o salva vidas não existia... ele só disse que não o via. Entende?? Ele acreditava...
Todos nós temos conflitos, somos humanos, neh.
Creio que ele tenha refletido muito com a parabola. Pois, Daniel como tu sabes, foi criado no pensamento caldeu (babilônia). Mas nenhum momento mudou seus costumes, habitos, sentimentos ou fez algo que desagradou a Deus. Apenas serviu e foi homem de muita fé... E o Renato entendeu bem isso... Sabe, as vezes queremos que Deus se adapte aos nossos costumes, habitos, sentimentos e a outras coisas. Mas Deus é Deus... Deus nunca vai se adaptar a nada. Sua palavra é uma só. Somos servos e se queremos servir verdadeiramente, devemos mudar nossos habitos, sentimentos, costumes. Se fizermos isso teremos verdadeiramente esse encontro com o Deus Vivo. Mas nem sempre acontece isso a todos...
Pode ser uma escolha díficil, mas falo com toda propriedade que vale a pena...
Cada um faz as suas escolhas... e sofre as suas consequencias...
Thamirys, obrigado pelo espaço...
Valew!
Rodrigo
Então, Rodrigo, acho que faz sim, muito sentido sua teoria, mas há algo que você precisa ter cuidado. Creio que o eu lírico não seja o Renato, apesar de o Renato se encaixar bem nele. Sempre que interpretamos poesia, precisamos estar atento a não confundirmos autor e eu lírico. Algumas vezes eles são a mesma pessoa, mas isso não se pode afirmar nunca, se você não for um deles.
ExcluirEnfim, obrigada! =D
Ok.. Thamirys.
ExcluirAtentarei-me a sua dica.
E você mantou a charada do "nós"...
obrigado
Rodrigo
Olá Thamirys!
ResponderExcluirFiquei muito feliz quando terminei de ler seu post, que me foi sugerido pelo meu tio que achou legal a interpretação que foi dada a canção por você.A felicidade vem do fato de você, ainda que jovem, estar tão envolvida com questões tão construtivas, o que é coisa rara, infelizmente, para pessoas na sua faixa etária.
Quanto ao Renato Russo, não sou sua fã, sou fã da sua inteligência. No que diz respeito as sua músicas, duvido muito que ele não acreditasse em Deus, pelo simples fato de haver muitas citações bíblicas em suas músicas. Entendo que ele acreditava até mesmo contra a própria vontade, e que as suas músicas são reflexo desse conflito.
Se ele está falando de si mesmo ou não, não faço ideia, mas acho complicado que se utilizem as suas músicas para levantar bandeiras por causa da sua opção sexual. Dizer que ele não acreditava em Deus por questões pessoais, como foi subentendido por aqui, complicado. Mas complicado ainda é querer falar por um morto.
Bom não vou me aprofundar, o que ele queria dizer ou não com as músicas pertence apenas a ele, nós só podemos fazer como você tem feito, tentar entender.
Enfim, acho legal sua iniciativa de interpretar as canções, bastante interessante. Estamos numa época em que as músicas são tão explícitas quem não fazem ninguém pensar, provavelmente essa é a intenção. Então querida, vai nessa tua força, faça aquilo que você acredita e se prepare para os ataques fundamentalistas, pois eles são profundos como um prato e afiados como uma navalha.
Olá, Dominique!
ExcluirÉ como uma grata recompensa que recebo comentários como o seu. Fico muito feliz, não unicamente por este comentário - que está dentre os melhores que já recebi por aqui -, mas também por ver que entendeu perfeitamente o meu propósito.
É realmente complicado, até mesmo pretensioso, falar por outrem, ainda mais quando essa pessoa está morta. Por isso sempre me estendi a falar coisas que eu ache que podem fazer algum sentido. Se eu estou certa? Confesso que acho 99% das minhas interpretações não fazem jus ao que o artista quis dizer. Mas não é isso o que importa!
O que eu faço aqui é legítimo porque o que quero não é estar correta, mas estimular o pensamento sobre a obra de grandes artistas que eu admiro. Queria que as pessoas pensassem um pouco acerca das coisas. E, bem, pelos comentários aqui, acho que consegui...
No fim, muito obrigada pelo seu comentário. Agradeça também o seu tio.
P.S.: Dominique é um nome lindo!
Bom, o próprio Renato disse se tratar de uma temática homossexual!
ResponderExcluirOi, Matheus!
ResponderExcluirO Renato morreu e eu nem tinha nascido; também não pude perguntar nada a ele. Mas ele "fala" sobre essa referência ao sexo oral no livro "Renato Russo de A a Z - As ideias do líder da Legião Urbana", como citou mais acima o Anônimo/Jean.
Pode ser verdade que tenha a temática homossexual, até acho que tenha mesmo. O que me incomoda profundamente é quando vejo que as pessoas creem nisso apenas pelo fato de o Renato ter dito. Precisam pensar por si próprios! Ele também disse que não havia motivo para "Sereníssima" se chamar assim. Basta analisar os últimos versos da canção e veremos que a história não é bem essa...
Mas, enfim, obrigada pelos elogios! Fico muito feliz com comentários com o seu.
Eu acredito q a musica em si, mostra oq vc quiser ver, prefiro pensar q o Renato era tão fantanstico q conseguil deixar nessa historis um triplo sentido quem sabe?
ResponderExcluirSei q ñ me importo se ele era homosexual, era incrivel em suas letras e concerteza insubstituivel.
Leonardo garcia
Pelo que eu pude interpretar, ele aborda um conflito interior entre sua homossexualidade assumida e sua crença religiosa de que isso é errado. Ainda na última estrofe deixa isso claro ao dizer que "mas tão certo quanto ser um barco a motor e insistir em usar remos" (ou seja, apesar de ter nascido homem era homossexual, quando religiosamente falando o correto seria ser heterossexual)e "É o mal que a água faz quando se afoga, e o salva-vidas não está lá porque não vemos" ou seja, tão certo quanto seguir uma sexualidade contrária aos olhos de Deus é que não será salvo por ele.
ResponderExcluirEntendo que ele fala sobre seu conflito interior entre ser homossexual e ter que lidar com esse fato aos olhos de Deus. Na última estrofe ele fala exatamente sobre ser o que naturalmente não deveria ser, homossexual, basta ler "mas tão certo quanto ser barco a motor e insistir em usar os remos". E quando ele fala sobre se afogar e o salva vidas não estar lá, é uma metáfora sobre ser reprovado por Deus em virtude se suas escolhas sexuais. Lembrando que ele era de família católica da classe média, na qual tradicionalmente a orientação familiar é reprimir os sentimentos fora dos padrões. Se ele quisesse realmente falar da mesma coisa que a parábola bíblica teria deixado tudo mais evidente, como fez em Que País é Esse?
ResponderExcluirhomosexualismo o senhor condena assim como sodoma
ResponderExcluirSe o seu Deus condena o amor, ele não merece nenhum respeito. Sem mais.
ExcluirQuando começam os fundamentalismos religiosos dá até preguiça de ler os comentários. Ainda bem que a diversidade é algo tão intrínseco ao ser humano. Assim, uns conseguem pensar enquanto outros apenas repetem, como papagaios.
ResponderExcluirUma das maiores alegrias de um letrista é poder escrever sobre algo que surgiu em sua cabeça e ver como diferentes pessoas podem interpretar suas letras. É estimular a reflexão do ser humano.
ResponderExcluirRenato Russo pode ter escrito sobre um destes temas e depois ter descoberto que sem querer escreveu sobre outro.
Pode ser que ele nao tenha escrito sobre nada do que foi abordado aqui, mas as pessoas disseram que sim.
O que me fascina é que depois de tantos anos, as pessoas ainda discutem tanto sobre as letras dele. Preconceitos à parte, esse cara foi um gênio.
Concordo, Alexandre!
Excluir=D
Caramba, d+ essa interpretação! Eu na minha santa ignorancia jamais cheguei perto, valeu, tami!!!
ResponderExcluirObrigada, Anônimo adivinhador de apelidos! ;D
ExcluirCaramba, sinceramente fiquei impressionado com a profundidade da tua interpretação, mais ainda quando li sobre sua idade, só tenho 17 anos e também tenho essa sede de achar essas "algas marinhas" nas músicas do Renato. So é uma pena que todos insistam em ver só o que lhes toca o nariz.
ResponderExcluirAdorei o blog!
Wellington Monteiro.
Obrigada, Wellington! Fico feliz que tenha gostado do blog. Mesmo! Qualquer comentário mais ameno é bem-vindo nesse post, já que o clima por aqui não é muito amistoso.
ExcluirMuito obrigada!
Olá Thamirys.
ResponderExcluirPrimeiramente não se deixe abater com os comentários pouco amistosos das pessoas. Vc está em evidência dando sua opinião, ou mesmo, uma "visão dos fatos". A sua visão dos fatos. Já é mais do que os 99% que só criticam.
Não é a primeira vez que leio a sua interpretação.
A primeira vez que vi, confesso, achei que se tratava de pura inocência da sua parte (assim como alguns desavisados acima tb acharam). Ao ler os comentários, porém, vi que não. Que seu intuito é apenas de trazer mais uma interpretação ao brilhantismo do autor. E isso me fez inclusive, ler outros posts seus. Mas este me chamou mais a atenção... Realmente todas as interpretações que achamos na internet sobre essa música são limitadas à homossexualidade e às drogas. Trazendo essa nova visão poderia até dizer que vc pôs lenha na fogueira, coisa que achei sensacional, pois tb gosto de fazer. ;)
Acredito que, sobre a letra da música, na minha opinião não há dúvidas que a questão crucial é uma relação a dois. Lendo mais atentamente, (e conhecendo a história do autor) descobrimos ser uma relação homossexual. E com mais calma, observamos que há sim, traços do uso de cocaína nesta relação (a confusão de gostos após o sexo oral é um sintoma claro). Acredito que a letra não trás versos avulsos. Ela conta uma história. A história desta relação. Nos primeiros versos conta a intensidade dela. Na segunda estrofe conta um pouco mais do dia a dia da relação. E no terceiro é que começa a ficar mais interessante. Pois é ai que começamos a traçar o paralelo com a parábola. No caso, 'O Daniel na cova dos leões' seria como o eu lirico se sente, pois ele se vê como aquele que acreditou na relação, entrou de cabeça nela e enxerga que esta paixão já está em um nível mais do que avançado (o barco a motor), apesar de o outro da relação não acreditar no sucesso da relação e levar menos a sério, não se permitir tanto, não entrar tanto de cabeça assim (insiste em usar os remos). 'O mal que a água faz', para mim é uma comparação com o amor. Que é fundamental para a vida (como a água), mas que obviamente pode fazer muito mal. Por fim, acredito que 'o salva-vidas não estar lá porque não vemos' seria uma "decepção" do eu lirico que, por embarcar em uma relação "não-abençoada pela religião" sente falta deste apoio (apoio que ele acredita e espera, senão não o chamaria de Salva-vidas). É como se ele falasse: Nem Deus me apoia...
Sobre Renato Russo, mesmo quem não é fã, tem que tirar o chapéu. Indiscutivelmente brilhante. Agora... Se o brilho dele agrada a todos, são outros 500!!!
Mais uma interpretação ai para discutir...
Putz, meu post ficou enorme né!
Grande beijo: Belmiro Mendes
Oi, Belmiro!
ExcluirAh, que doces palavras! Muito obrigada, querido. Adorei seu post, mesmo enorme.
Como todas as interpretações que são sugeridas, há muita lógica na sua. Eu contestaria, no entanto, veja só que ironia!, justamente a parte da parábola. Acho que até pode ser que descreva o relacionamento, mas que a parte do "barco a motor" até o "salva-vidas não está lá" realmente é uma questão do que sente o homossexual, perante uma sociedade preconceituosa.
Não sei se explico bem, mas creio que é mesmo o fato de ele - e quando digo ele, me refiro a uma série de pessoas - mesmo, quando defronte com todos os obstáculos, questionar sua sexualidade e considerar a opção de ignorá-la.
Continue comentando! Pessoas sensatas são sempre bem vindas!
aquele gosto amargo do seu CORPO.
ResponderExcluirteu CORPO é meu espelho...
mas, parabens. esse blog é demais
Primeiramente, parabéns pelo texto. Por mais que eu não concorde com o seu ponto de vista, achei ele muito interessante e, além disso, ficou bem formulado e explicado a sua visão. Bem legal!
ResponderExcluirTodavia, ainda acredito que a música trate da homossexualidade. A interpretação dela tratar das drogas eu acho incompleta e forçada mas tudo bem.
Em 1988,no Maracãnazinho, o Renato Russo falou:
“Essa [música] agora, é sobre uma coisa que é muito boa, mas que no momento está sendo meio difícil. É sobre sexo“
logo, acho bem válido achar que a música trata da descoberta da homossexualidade do Renato Russo.
Há muitas formas porém de se interpretar cada trecho, por exemplo o trecho inicial:
"Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco."
Não acredito que necessariamente esteja falando de sexo oral de uma forma tão direta e explícita como muitos falam mas talvez somente da descoberta da sexualidade.
Acredito que, por exemplo, "De amargo, então salgado ficou doce" possa tratar do eu lírico descobrindo como o que parecia estranho, amargo de início (a relação com uma pessoa do mesmo sexo) pode ser bom para ele (agradável, doce).
Defendo também que não são todas as letras do Renato Russo e nem ao menos todas as músicas da Legião Urbana que falam de sexo, drogas, homossexualidade e etc. Acredito que tenham algumas sim que falam, mas a maioria de longe trata de outros temas: temas sociais, sentimentais.
Bem, só a minha opinião. Beijos!
vc contou a parabola, qndo renato russo fez apenas uma analogia, claro q se trata de uma relacao homosexual, o proprio disse isso, e se o proprio disse, nao tem como contestar.
ResponderExcluirAgora, musica, a gente pega pra gente, ne. Entao vemos o q nos convem.
uma vez, um autor sendo entrevistado pelo jo soares, disse q se fosse fazer o vestibular, nao teria acertado uma questao q fizeram com o texto dele.
Acho que tô meio atrasado nesse mundo de discussões sobre o que quis dizer exatamente o autor da música, nessa letra. Mas acho fantástico essa possibilidade de viajar pelas várias interpretações. Na minha visão tá claro e nítido que Renato quis demonstrar a descoberta da sua homossexualidade e as consequências que isto iria trazer prá ele, inclusive com o parceiro, com a sociedade e com as convicções religiosas. Mas, o melhor e mais gostoso de tudo isso é que o autor cria uma música e quem interpreta somos nós. Essa canção é tão perfeita que nos deixa livre para interpretarmos da maneira que quisermos, pois como foi comentado acima, hoje é impossível que o autor nos esclareça essa dúvida. Parabéns pelo blog, Thamirys.
ResponderExcluirPaulo Cesar
Vejo que as discussões foram extensas,não conheço muito bem a letra da música,portanto não posso julgar nada dela,uma coisa que eu aprendi é que quando somos ignorantes de tal assunto,devemos apenas analisar as opiniões e estudar para que a nossa opinião seja formada,entretanto,ninguém forçou a ninguém a concordar e muito menos entrar no blog...
ResponderExcluirNão vejo a autora do blog como alguém que quer mudar a opinião,mas sim uma POSSIBILIDADE,o interessante foi o uso dos argumentos,mas não quer dizer que seja isso... Argumentar é importante,toda tese ou afirmação é obrigatório o argumento,todavia é intolerável pessoas se manifestarem para ''atacar'' a autora,como ela mesmo disse,é uma hipótese. Sem mais...
Desde quando Renato escondia ou se torturava com sua escolha sexual ???? Ele nunca se importou com a opinião da sociedade, pois sempre a achou hipócrita demais!!!!!
ResponderExcluirNào acredito que a questão fosse somente a sociedade, mas ele mesmo.
ExcluirMenina, tu tens 14 anos e consegue analisar uma letra de música com essa lucidez, devo supor que te sintas um tanto deslocada entre os demais da tua geração. Espero que tenhas amigos que compartilhem e valorizem essa tua inteligência e discernimento. Mas... tenho que discordar do teu ponto de vista. Não nego a genialidade do Renato Russo e acho, como tu, que a estrofe final dessa canção é maravilhosa. Estou, certamente, longe da cegueira de tentar encontrar sublinhas homossexuais em todas as canções da Legião Urbana.
ResponderExcluirNo entanto, o que me parece subentendido nessa letra é que Renato se sentiria oprimido, como o Daniel da parábola, pelos leões, que nesse caso são os preconceitos e estereótipos que a sociedade cria, e antes de assumir a própria homossexualidade com certeza e segurança, ele provavelmente se sentia preso numa cova e tinha medo de ter medo de ter medo... creio que tenha conteúdo homossexual, mas não relate um caso afetivo, e sim uma reflexão pessoal e um desabafo, como se ele falasse tudo isso pra si mesmo, tentando se convencer que não devia ter medo ser o que ele realmente era.
Eu realmente acho que sim, pode se tratar de uma relação homossexual, mas não necessariamente efetiva. Quero dizer, as letras do Renato Russo nunca são assim, de tão fácil compreensão. Daniel na Cova dos Leões, principalmente, foi uma música que sempre me complicou bastante, e eu pesquisei também muito sobre ela. Sabe, às vezes as coisas estão além de nossos olhos, então, depois de ler isso, eu realmente comecei a pesquisar ainda mais afundo.
ResponderExcluirEssa foi uma música que eu realmente acho que você não analisou com tanta lucidez, e poderia ter ido ainda mais afundo. Você chegou a ler a própria Parábola e comparar ela com algo nesta música? Daniel foi jogado na cova, e ele estava com medo, tenso, incerto. Daniel é inocente e é colocado no meio dos leões, e neste caso, os leões são os medos, as incertezas - na minha visão -, e isso o devora por dentro, digo, algo que vai o matar.
Só que, como na parábola, os leões não devoram Daniel, Daniel acalma os leões. E acho que é isso que a música diz. Não para "ter medo de ter medo de ter medo", quer dizer, no fim é tudo certo se você acha certo.
Essa é a opinião de uma garota de 13 anos contra sua. Veja o que quiser na letra, ou o que entender, mas a minha opinião é essa. Tenta escutar a música uma vez, tentando ouvir isso.
E eu gostaria, realmente de manter uma discussão "cabeça" sobre temas assim, mas...
Na boa, a musica realmente parece ser, por todos os argumentos apresentados por quem acredita na versão homossexual, a descrição de atos ou ritos homo afetivos, sinceramente não sei se a ejaculação masculina é amarga, salgada ou doce, quem já provou pode me responder, só Deus sabe a verdade agora, já que o Renato não está entre nós há muito tempo, o fato é que essa música possui uma das melodias mais empolgantes da Legião Urbana, a letra é bem construída e talvez nuca saberemos quem está certo, mesmo assim gostei muito de seu post... Abraços!
ResponderExcluirPARABÉNS THAMYRIS! QUEM DERA SE TODOS DA SUA IDADE TIVESSEM A SUA PERSPICÁCIA E INTELIGÊNCIA...
ResponderExcluirE FOSSEM CONHECEDORES DA PALAVRA DE DEUS COMO VC É.
SÓ UMA COLOCAÇÃO: DANIEL NA COVA DOS LEÕES NÃO É UMA PARÁBOLA, É UMA HISTORIA VERÍDICA DO ANTIGO TESTAMENTO, OCORREU REALMENTE.
ACHO QUE CABE A DEUS JULGAR A CONDUTA DE CADA UM E NÃO CABE A QUALQUER PESSOA JULGAR A DO RENATO, O MAIOR POETA DA MUSICA POPULAR BRASILEIRA!
Parabéns THAMYRIS! Quem dera se todos da sua idade tivessem a mesma inteligencia e perspicácia que vc tem...
ResponderExcluirSomente uma colocação faço, Daniel na cova dos leões não é uma parábola e sim uma historia verídica do antigo testamento.
Creio que cabe somente a Deus julgar a conduta de cada um, e que não cabe a qualquer pessoa julgar a do Renato, o maior poeta da musica popular brasileira.
sua análise é óbvia. o título remete à bíblia, claro. nada de mais. será? à primeira vista, isso não define o sentido final da canção, pois, Renato, utilizando o evento da Bíblia de uma forma alegórica em sua canção, faz uma releitura, e não justifica o que acontece na Bíblia, é o contrário. os trechos da sua análise apenas atestam essa relação, claro, a partir do título - mas, fora o que foi mencionado, ficou mais evidente ainda a concepção homoerótica da canção, porque: o leitor poderia se desviar da leitura, fazer uma referência de um amor feminino mal realizado, ora, os sabores doces e salgados estão no homem e na mulher, e a referência do espelho não justifica um outro corpo masculino. portanto, quando você remete à bíblia, aí você percebe que a relação que o Renato faz é o de entre dois homens, como Davi e Dário - e, como fica mais do que evidente, agora, uma relação profundamente homoerótica - pois, utilizando-se da bíblia como referência, ele acaba criticando, fazendo uma releitura da obra-referência, as concepções da bíblia no que diz respeito ao homoerotismo.
ResponderExcluirvisita meu blog para mais informações sobre mim:
http://3gultimageracao.blogspot.com.br/
f.g.m.
Renato disse numa entrevista que certa vez ficou hospedado em um hotel, onde no criado mudo ao lado da cama havia uma Bíblia católica, de onde ele tirou algumas citações e idéias para suas composições. Ele declarou também que suas letras eram impessoais e que procurava não colocar gênero para que elas se encaixassem no cotidiano tanto dos homens como no das mulheres. Subentende-se também que ele usava este artifício para camuflar a sua orientação sexual, que ainda não era assumida no início da carreira. Podemos interpretar nesta música uma relação sexual seja ela hétero ou homo para qualquer gênero, tanto masculino como feminino onde no 1.o verso a relação começa com o sexo oral e termina dizendo que é isto não é o bastante sem o ato sexual, que se inicia no 2.o verso onde se vence a barreira da insegurança que ataca a pessoa que perde a virgindade e é guiada por uma pessoa mais experiente. Neste contexto o verso final poderia ser interpretado como um questionamento do por que de as pessoas insistirem em se mastubar quando poderiam fazer sexo livremente com outras pessoas, mas não o fazem por não enxergarem essa possibilidade, por se afogarem nos seus medos e preconceitos, o que justificaria o título da música, estar preso numa cova com leões. Ser um barco a motor e insistir em usar os remos é não estar consciente de sua própria força. Se deixar afogar por não enxergar o salva vidas é deixar de viver plenamente por não procurar o socorro em outros braços, por estar preso às suas próprias limitações. Ser um "Daniel na cova dos leões" é ser uma pessoa presa aos limites impostos pela sociedade. Esta é a minha interpretação pessoal para esta música, lembrando que algumas letras de Renato Russo são passíveis de muitas interpretações, que variam de acordo com a visão e a experiência de vida de cada um.
ResponderExcluirGalera, só pra avisar que eu cansei e que os possíveis futuros comentários que contenham a palavra homossexualISMO (quando o termo correto é homossexualidade) não serão aprovados e vão direto para a caixa de Spam.
ResponderExcluirNão vou apoiar ou publicar nenhum comentário opressivo.
E nem adianta vir com Voltaire pra mim.
Sem mais!
Olá, Thamirys.
ResponderExcluirGostei muito da sua interpretação para Daniel na Cova dos Leões. Mostra inteligência :)
Particularmente, creio que trata-se da descrição de um relacionamento homoafetivo, porém Renato Russo criava letras tão bem elaboradas que mais de um assunto pode ser abordado em suas criações.
Parabéns pelo blog, não conhecia e gostei muito.
Achei muito interessante sua interpretação Thamirys, pode ser até que ele tratava a música das duas formas, mas ainda acredito que essa letra deixa muito claro sobre uma relação homossexual, frase a frase é possível perceber. Parabéns, abraço Fernando
ResponderExcluirBacana o blog, parabéns...
ResponderExcluirVou discordar da maioria dos internautas no sentido de que não há certo ou errado... Isso é poesia e de excelente qualidade... Por isso não posso dizer que o colega está errado, ou certo. O Renao é o máximo... Mas, sinceramente, gosto mais da interpretação de que ele se refere ao uso da cocaína... Não quero ser minucioso, mas vou citar uns trechos: qnd vc põe a droga na boca, ele tem sim um "gosto amargo" e tem ainda um cheiro forte... "Fez casa dos meus braços", o ato de injetá-la... "O teu corpo é o meu espelho e em ti navego, eu seu que a tua correnteza não tem direção": muitos usuários usam um espelhinho para fazer a carreirinha e assim sorver o pó...etc e por aí vai... Certa vez conheci um cara em ponto de ônibus e ele me deu essa interpretação, que achei bárbara... Mas, poesia é assim mesmo... Não tem certo ou errado, apenas interpretação pessoal...
Abs!
pelo nome da musica dis tudo quem sabe a musica tem triplo sentido
ResponderExcluirBrilhante, sem palavras! Tinha partes da musica que eu nem sabia, uma das minhas favoritas do legiao. E agora que estou desenvolvendo meu lado espiritual, nao vejo a hora de ler a parabola e compara-la ao seu texto. E disso que precisamos: de pessoas que PENSEM!!!
ResponderExcluirOlá Thamirys.
ResponderExcluirQueria primeiramente, lhe agradecer por preservar essa chama acesa, no que tange as interpretações das músicas do nosso poeta Renato Russo.
Não há nada melhor que ficarmos discutido (no bom sentido), sobre o que o Renato pensava e empregava em suas canções.
Porém me deixou muito triste o comentários de determinadas pessoas aqui neste BLOG.
Um ódio mascarado de protesto, que não leva ninguém a lugar algum.
Tenho certeza que a sua interpretação acrescentou muito para os amantes do som da Legião Urbana.
Na minha cabeça mando eu interpreto a musica da forma que mais me agradar, porém vc me mostrou uma vertente muito agradável de se acreditar; QUE MAL TEM NISSO !!!!!
É lamentável que pessoas intolerantes achem que suas opiniões ainda tem espaço nesse mundo.
Parabéns mais uma vez, e não se deixe abater por esses comentários, até porque o Renato falava de ódio mas sempre exaltando o amor.
Nossa!!! Estou admirada com esta interpretação!!! Realmente entendi e concordo com você!!!
ResponderExcluirÉ admirável a inteligência do Renato!!!
Meu primeiro contato com a musica foi por meio de uma fita k7. Lembro que no inicio tinha um trecho da musica Será bem baixo, parecendo ser gravado de um show ao vivo. Sempre achei que fosse problema da gravaçao, mas depois descobri que realmente a musica é assim, sempre me perguntei por que tinha este trecho no inicio' mas nunca achei algo a respeito.
ResponderExcluirOlá Thamirys!!
ResponderExcluirEm primeiro lugar, achei muito legal a interpretação... talvez a única com esse ponto de vista.
O grande feito de uma obra de arte está nas diversas formas de interpretação possíveis, imaginadas a partir dela. Com essa música não poderia ser diferente!!
Quanto ao fato de o próprio Renato Russo ter dito que a música tratava de homossexualidade, já testemunhei diversos casos em que artistas "inventavam" significados para suas obras simplesmente para saciar uma necessidade popular ou midiática - o que pode ter acontecido com o próprio Renato Russo (isso é apenas uma suposição!!!).
Bom... acho que todas as interpretações são válidas, independente da linha que seguem! O que importa realmente é aquilo que escolhemos acreditar!
Mas....... a minha participação aqui é para saber se alguém mais enxerga uma possibilidade de interpretação gramatical diferente para a última frase da música: "é o mal que a água faz quando se afoga e o salva-vidas não está lá porque não vemos".
Nunca vi sentido algum em "não está lá porque não vemos" e isso me intrigava. Li muito na internet sobre isso e fiz algumas pesquisas, que me fizeram chegar à seguinte conclusão:
A licença poética em letras de músicas, muitas e muitas vezes, permite abrir mão da pontuação em função da métrica - então sob o meu ponto de vista, a última frase da música poderia ser separada em duas e ficar da seguinte forma: "é o mal que a água faz quando se afoga e o salva-vidas não está lá. Porque não vemos?".
Dessa forma - sendo o final uma pergunta - poderíamos "ler" a última estrofe, como um todo, desta forma:
- Erramos ao usar remos se temos um barco com motor à nossa disposição!
- Erramos ao achar que a água (que é a base da vida, que sacia a sede e que faz tão bem...) pode nos fazer mal apenas porque não havia um salva-vidas para nos resgatar quando nos afogávamos!
- Porque não enxergamos tudo isso??
Gostaria muito de ouvir a opinião de vocês sobre isso, já que não achei nada parecido na net!!
Abraços!
Pedro
Pedro, eu penso assim sobre essa parte, " Mas tão certo quando ter um barco a motor e insistir em usar os remos, é o mal que água faz quando se afoga e o salva vidas não está lá porque não vemos" O barco a motor significa a velocidade que eles poderiam se entregar nessa relação, ai entra a parte, " e insistir em usar os remos", podemos nos entregar, mas vamos com calma, porque estamos navegando em águas que não conhecemos e não terá ninguém para nos salvar caso sejamos descobertos.(É o mal que água faz quando se afoga e o salva vidas não está lá porque não vemos), vale lembrar que na música ele diz que vão fazer tudo o que aconteceu um segredo. É uma relação de dois homens não assumidos. Espero que isso tenha clareado sua mente. abraço.
ExcluirRealmente na parte que fala , "Eu sei que a sua correnteza, não tem direção" , Refere ao fato de Dário acreditar em um deus sem salvação.
ResponderExcluirSe ele fala sobre sexo oral, poderia ser em uma mulher também, porque ele fala em gosto salgado e o gosto da vagina é assim, lembre-se que ela era bissexual
ResponderExcluirAmigão, acho difícil ser uma mulher!! por vários motivos, primeiro, ele fala na música que quer deixar em segredo o que aconteceu, segundo " teu corpo é meu espelho e em ti navego " mostra que são duas pessoas iguais, " Terceiro, "Desafio o instinto dissonante" Dissonante é algo que é "diferente, errado, ilegal" sendo a época que ele escreveu a música a psicologia ainda julgava a homossexualidade como doença. Então por esses poucos motivos acho que não era uma mulher, poderia te citar mais, mas ai teria que fazer um texto quase do tamanho da autora do blog. haha
ExcluirOlá, Thamyres, gostei muito da sua interpretação da música e concordo com ela, mas concordo também que ela se trate de uma relação homossexual, acredito que as duas vertentes estejam interligadas, primeiro porque a música descreve a relação entre dois homens, e apenas o título faz menção a história de Daniel, comparando e mostrando que o eu lírico se sentia exatamente como Daniel na parábola. Achei genial como o Renato conseguiu descrever exatamente o que Daniel viveu ao seu modo e no que ele viveu com esse rapaz, como bem sabemos ele já disse que essa música se trata de um relacionamento homossexual. Bjão, aguardo sua resposta.
ResponderExcluirFantástica sua interpretação.
ResponderExcluirCreio que artistas como o Renato Russo gostem de causar esse tipo de contradição, justamente para nos levar a pensar e discutir os diversos aspectos que algo simples pode conter.
Quero deixar também a hipótese a que chego após ler sua interpretação:
Talvez Renato tenha querido nesta letra demonstrar a sua interpretação da passagem bíblica de Daniel na cova dos leões onde ele acreditaria que a própria bíblia narra uma relação homossexual.
Será? Mesmo que não seja, acho que as diversas interpretações possíveis podem ter sido planejadas por ele, o que só torna a obra maior e demonstra sua bela e complexa construção.
Novamente, obrigado por sua análise e por compartilha-la.
Thamyres
ResponderExcluirMesmo somente agora ter lido essa tua análise, não posso deixar de salientar que quando você fez tinha apenas 14 anos e isso mostra sua capacidade de análise e visão sobre o todo. Vale ressaltar que cada letra raramente é certeira, ela sempre deixará mais de uma interpretação ou sentido para que assim agrade a um público bem mais amplo. A visão de cada um é bem pessoal referente a cada letra, leva-se também em consideração o seu momento pessoal. Mas gostei muito da idéia e da análise. Espero que Continue e caso precise de colaboração me fale.
Apesar da postagem ser antiga, vou dar minha opinião, porque acabei parando aqui e discordei totalmente dessa análise.
ResponderExcluirEm primeiro lugar, o tom da análise parece ser o de uma pessoa que não aceita que a música seja interpretada sob a temática do homossexualismo, portanto a análise me soa bastante forçada, por exemplo:
Quando o autor da análise se pergunta: "Por qual motivo sobrenatural o Renato Russo escolheria o título de uma parábola bíblica para uma música que relata um relacionamento homossexual? E a resposta é: não escolheria."
Nesse ponto é ignorada uma característica de várias músicas da Legião Urbana que era a de ter títulos que não refletiam diretamente sobre a temática das letras. A gente pode verificar isso em "Eu era um lobisomem juvenil", "Andrea Doria", "Sereníssima", dentre outras.
Ou seja, o fato da música se chamar "Daniel na cova dos leões", dado essa característica em algumas músicas da Legião, não significa que a letra retrate isso. Até porque as próprias metáforas dessa música não teriam razão de ser, uma vez que o título seria muito óbvio. Em outras palavras, se eu vou tratar de um tema através de tantas metáforas, porque eu daria um spoiler no título?
Outro ponto em que a análise aqui me soa forçada é quando diz que os versos ""Aquele gosto amargo do teu corpo ficou na minha boca por mais tempo" refere-se à uma mágoa sentida pelo eu lírico (O rei da Babilônia, Dário) em relação à segunda personagem desta canção (Daniel).", o analista, ao meu ver, se esqueceu de dar um significado à palavra "corpo", se o gosto amargo se refere à mágoa, onde o corpo se encaixa nisso? Outra vez aponto para o título: Se a intenção era ser tão claro como o título sugere, não seria melhor colocar a palavra "culto" no lugar de corpo? Não faria mais sentido?
O que me parece ainda é que, embora seja mais nítido que o tema de toda a letra seja sobre homoafetividade, enquanto o título nesse caso se torna um pouco obscuro e de mais difícil interpretação, a análise aqui procurou adequar toda a letra ao título, quando na verdade o título é que deveria se adequar ao resto da letra, pois é parte desta e não o contrário.
Por fim, fico com a interpretação relacionada à homoafetividade, pois acho a mais coerente, até por se encaixar em outras músicas da Legião como "Meninos e Meninas", e creio que o título simplesmente seja uma metáfora parte de toda a letra como ocorre em outras músicas da banda, saber o seu real significado já seria outra questão. Mas podemos esboçar algo como o fato de que Daniel jogado na cova dos leões seja uma imagem para a injustiça que, muitas vezes, é sofrida pelos homossexuais por serem quem são, como Daniel foi jogado por crer em quem cria... Os leões talvez representev as pragas rogadas por crentes aos homossexuais por estes supostamente estarem pecando, mas que no fim, essa praga não "pega", pois o tempo todo os acusadores estavam errados... Tudo isso pode ser ligado também ao fato de que o Renato gostava de alusões bíblicas em suas músicas como em "Monte Castelo", misturando um pouco isso ao profano, representando as próprias inquietações dos seres humanos que ficam sempre na corda bamba entre o pecar ou não pecar... há várias interpretações que podem ser sugeridas para o título que, acredito ser um caminho mais lógico que tentar adequar toda a letra, forçadamente, a ele.
Olá! É interessante esse seu comentário para que eu deixe uma coisa bem clara aqui. Talvez eu não tenha captado exatamente a intenção de Renato Russo ao escrever a letra. Essa é uma dúvida com a qual teremos que conviver eternamente, já que ele não está mais vivo para confirmar e, porque, evidentemente, o fato por si só de eu ter conseguido elaborar essa interpretação demonstra sua viabilidade. Você, obviamente, como qualquer pessoa, está livre para apontar falhas argumentativas. Mas é só isso que alguém pode fazer.
ExcluirSe temos dúvidas quanto ao teor de minha análise, quanto à sua sobre minha pessoa, contudo, há uma certeza: a de que você não me conhece. O texto foi escrito por mim, uma mulher, muito embora você diversas vezes tenha se referido ao "autor do texto". Muitas pessoas já cometeram esse erro e eu não me importei - nada obstante isso revele uma tendência social ao apagamento de mulheres quando se pensa em setores da intelectualidade, porém essa é outra história -, mas já que você resolveu comentar acerca do que parece ser minha visão política sobre a homossexuaLIDADE, então, é bom ressaltar isso para que você tenha noção de que, de fato, não me conhece e nem as minhas tendências.
Falando de minhas tendências, então, aí, sim, me alegro em informar que você está ainda mais enganado. Há dez anos, com os treze anos que tinha quando escrevi esse post, eu já militava a favor dos direitos das pessoas com sexualidades divergentes, até mesmo em causa própria. Então, não, não há dificuldade em aceitar que a música trate sobre um relacionamento homossexual. Aliás, desde o início do texto eu já deixei claro que não desconhecia das teorias nesse sentido. Houve, pelo contrário, uma tentativa de trazer uma interpretação alternativa, talvez, confesso, possivelmente com a animação de estar publicando uma novidade. Mas nada mais que isso. Qualquer sugestão em sentido contrário é um desrespeito não só à atual Thamirys, que inclusive passou parte da graduação pesquisando direitos das pessoas LGBTs, como à Thamirys do passado, que desde então já se envolvia politicamente e, inclusive, escolheu fazer o curso que fez por acreditar nos direitos humanos dos grupos socialmente vulneráveis. E isso qualquer um que me conheça pode atestar.
Enfim, quando não se conhece alguém o suficiente (e, aqui, sequer o mínimo) resta a máxima de debater ideias e não pessoas. No mais, como diria Zé Ramalho, estou indo embora.