O cenário era Brasília, o ano de lançamento era 1985, mesmo ano do fim do regime militar no Brasil, o autor, Renato Manfredini Jr., que, por esses tempos, não deveria ter mais do que 25 anos. O público, bem, o público era incalculável, não por quantidade, mas por devoção.
A diferença entre a Geração Coca-Cola e a Geração da Luz, além de uma década de distância, eram os ideais. A semelhança? A semelhança era que ambas ainda não haviam feito exatamente nada.
Engana-se quem admira a geração da música Geração Coca-Cola, do primeiro álbum da Legião Urbana. Não eram jovens dignos de admiração. Ao contrário, dignos de repulsa. Mas isso é difícil de compreender na canção, já que é toda feita à base de ironia.
"Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês nos empurraram com os enlatados dos U.S.A., de nove às seis. Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial, mas agora chegou nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês!"
Entrando no contexto histórico dessa música, sabemos que o golpe militar, que deu origem à ditadura militar no Brasil, ocorreu em função de discordâncias de ideologias: o socialismo russo e o capitalismo estadunidense, consequências da bipolarização da Guerra Fria.
Resumidamente, os militares que assumiram o poder pendiam ao capitalismo, alegando que deveríamos seguir o exemplo de uma potência, como os Estados Unidos da América. E assim fizeram.
Naquela época (creio que até hoje), o Brasil era praticamente um clone mal feito dos E.U.A.. Até mesmo a alimentação brasileira era baseada na alimentação norte-americana. E os Estados Unidos, ao ver daquele amontoado de jovens, era um lixo!
Mas, vejam bem, a culpa não era dos estadunidenses, e sim dos brasileiros que nos impuseram isso. E agora era a hora da revanche, os anos 80.
"Somos os filhos da revolução, somos burgueses sem religião, nós somos os futuro da nação, geração coca-cola!"
A década de 80, querendo ou não, era uma mutação dos anos 70. Se essa mutação seria boa ou ruim, somente seria possível descobrir mais tarde. Porém, a geração coca-cola era a prole da geração da luz. Mas, além disso, o que era a geração coca-cola?
Herdeiros da ideologia onde ainda temos a velocidade da luz pra alcançar, me parece que os meninos e meninas da geração de 80 não fizeram bom uso do que tinham. Talvez a criação que tiveram não estivesse funcionando muito bem. E, hei, eles, a cópia mais mal feita dos americanos, formavam o futuro do país, do Brasil. Eles, a geração coca-cola (marca que, ao meu ver, mais representa o capitalismo, não só estadunidense, mas mundial), a geração fútil, resultado de nós mesmos, era o que tinha pra hoje.
"Depois de vinte anos na escola, não é difícil aprender todas as manhas do seu jogo sujo. Não é assim que tem que ser? Vamos fazer nosso "dever de casa" e, aí então, vocês vão ver suas crianças derrubando reis, fazer comédia no cinema com as suas leis."
O próprio capitalismo acabou criando obstáculos a si mesmo. Ora, se o que importava eram lucros, então que sejam lucros para mim e não para os outros. E, depois de tanto tempo aprendendo o bastante sobre lucros, ficava bem claro que era cada um por si. O que restava era fazer o que tinha que ser feito: lucrar a qualquer custo.
E justamente por descobrir inteiramente o capitalismo, a geração coca-cola acabou travando uma grande e hipócrita luta com o que eles chamavam de "sistema". De cada lado, os mesmos objetivos: lucros. E, para alcançar o que se queria, tudo!
Era assim a Geração... COCA-COLA!
Era assim a Geração... COCA-COLA!
Thamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal. Continue lendo sobre Thamirys Pereira ou Sobre o Blog Interpretação Pessoal. |
ameie...'
ResponderExcluirmuito bom...
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