Blocos de rua já desfilam por muitas cidades. É carnaval e, coincidência ou não, parece que as interpretações feitas aqui no blog estão tomando um rumo extremamente sexual. Ora, é carnaval... Mas carnaval me lembra outra coisa: além de tantas outras doenças, a Aids.Mas aqui no Blog Interpretação Pessoal a gente fala de música. Então vamos falar da música Vírus, do RPM.
Vírus não é (ou foi) nenhum single nem creio que tenha feito tanto sucesso quanto Olhar 43, Vida Real e outras proezas da banda. No entanto, é tão inteligente o modo como Paulo Ricardo expõe o HIV nessa canção, comparando-o aos vírus de computador, que se torna imprescindível que se fale dela.
VÍRUS
Composição: Fernando Deluqui / Paulo Ricardo
No sangue que escorre de um corte profundo,
em cada um que morre, em cada canto do mundo,
Há uma bala na agulha,
venosa fagulha,
nova inquisição.
Há um vírus no ar,
vampiros reais das programações.
Há um vidro entre nós
e fantasmas nas máquinas,
em nossas relações.
Enquanto eu acesso o cérebro, o sexo,
há processo complexo
entre o medo e o gozo.
E o mais perigoso,
esse jogo de azar,
esse medo de amar.
(Repete segunda estrofe)
No computador, as informações
Thanatos e Eros, em nossos corações
Em disquetes e em bytes,
em videos high tech
em testes de Aids.
(Repete segunda estrofe 2x)
O primeiro caso de Aids no Brasil surgiu em 1982. Era uma doença nova. E advinha o que caracterizava os jovens brasileiros nos anos 80? Sexo, drogas e rock'n'roll. Iniciava o movimento pós-punk brasileiro. Liberação sexual. Para passar de apenas muito sexo e muito consumo de drogas injetáveis para portadores do HIV não custava muito.
Em 1986 foi criado o Programa Nacional de Controle da AIDS. O Brasil já é tido mundialmente como país referência pelo oferecimento de tratamento gratuito contra o HIV. No entanto, ressalto a terceira estrofe. Ter Aids, há pouco tempo atrás, era praticamente uma sentença de morte. E esse dogma ainda vigora nos dias de hoje. O medo de amar torna-se frequente, as questões psicológicas da doença acentuam-se. Não sou nenhuma especialista no assunto, mas é claro que a questão Aids causa também danos psicológicos e psiquiátricos (e isso, com certeza, precisa ser revertido).
O número de aidéticos e portadores de HIV, desde então, cresceu surpreendentemente. Até junho de 2011 foram registrados, somente no Brasil, 608.230 casos de Aids [1]. Portanto, "não esqueçam, sempre, crianças: safe sex or no sex at all. Sexo seguro: pode fazer de tudo, contanto que seja com camisinha. Isso é importante de lembrar".
Bela mensagem, o jeito que a música se desenrola chega a parecer um tanto quanto "bobo" (pelo modo da letra e algumas partes do sistema de rimas) mas o que ela quer dizer de um jeito ou de outro é importante, novamente, bela mensagem.
ResponderExcluirPs: não vai falar de "A Montanha Mágica"? rss
Guilherme,
Excluireu sei que estou te devendo essa! Não sei se você acompanha o blog pelo facebook, mas, por lá, postei uma prévia da pauta desse mês, com as músicas que pretendo interpretar. "A Montanha Mágica" está entre elas. Sinto muitíssimo pela demora (isso me envergonha até certo ponto), mas pode ter certeza que desse mês não passa.
Ta certo, não uso as redes sociais por alguns motivos então não vi por lá. É ruim quando se espera tanto que talvez se cria uma expectativa maior, rs.
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