Não há provas de que essa história seja verdade. Aliás, fora da internet, eu, que nasci e moro em João Pessoa, onde a mídia estabelece muito contato com o Zé Ramalho, jamais tinha ouvido falar nessa teoria. Mas que faz muito sentido, isso faz.
Mas o que Freud tem com tudo isso?
Poucos reparam que Zé Ramalho, em Chão de Giz, cita Freud, mas esse pequeno detalhe é muito importante para a canção e também para dar um pouco de veracidade para a teoria citada no início do post.
Zé Ramalho começa a música relatando toda a sua aflição, sua paixão, sua solidão. Um homem, então solitário, abandona este estado para desfrutar da boa sensação que é deslumbrar, admirar, devotar a sua amada. Os seus sonhos jamais realizáveis, seus devaneios o atormentam, o torturam. E tudo isso, toda essa mistura de sentimentos, jogada sobre um chão de giz: uma base frágil, ainda que sólida. E ainda o desejo de ter sua amada. O desejo de ter, não pelo amor propriamente dito, mas apenas por não tê-la.
Então, como numa reflexão para com si mesmo, Zé conclui que, apesar de todos os seus esforços, suas tentativas incansáveis, tudo é em vão. Existe algo que o impede de ganhar o coração da mulher que tanto deseja. Um marido? Algum assunto sentimental? Talvez os dois, mas isso não é o mais importante. O fato é que essa tal mulher não o quer, por algum motivo. Ela o dispensa. E logo ela, velha perto dele. E logo ele, que tantas mulheres desejariam.
Ele, que oscila entre a loucura, por não tê-la em seus braços, e a libido, que aquela mulher lhe propicia. E gosta dessa oscilação, sempre gostou, mas sabe que não é o bastante para quem tem devoção por alguém. E, por isso, ainda que seja consumido por dentro, não optará pelo sexo, o sexo apenas e sem o amor.
E esse eu lírico (Zé ou não) tenta mais uma vez, mesmo sabendo que inutilmente. E, como já esperado, falha terrivelmente outra vez. E repete: não vai se sujar apenas com o sexo. Para ele, é o amor ou nada mais. Agora, ele é quem não quer mais que esse relacionamento tenha continuidade. Neste momento, Zé Ramalho despede-se, juntamento com o seu eu lírico, da música. "No mais, estou indo embora...".
Mas eu falava de Freud. E, pela última vez, o que Freud tem com isso?
Meus bons leitores, não esqueçam de quem propôs a psicanálise. E não esqueçam, leitores, de que grande parte da psicanálise nos remete ao sexo e aos instintos sexuais, segundo esta, nascidos com o ser humano. E a psicanálise dita também que o ato de reprimir o sexo, com o qual somos "presenteados" na infância. E tudo que nos é reprimido, gera curiosidade. Como diria o Zé Ramalho, "E isso explica porque o sexo é assunto popular".
Freud se mistura com Chão de Giz quando Zé Ramalho, na condição de criança perto de seu objeto de desejo, sente a necessidade do sexo. Mas além do sexo,a necessidade do amor, e não só o amor para com uma mulher, mas também para com si mesmo.
Sobre a Autora:
Thamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal. Continue lendo sobre Thamirys Pereira ou Sobre o Blog Interpretação Pessoal. |
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirGostei imensamente da reflexão sobre a letra de uma das músicas mais tocantes que já ouvi.
ResponderExcluirConcordo com ela e se parece muito com a minha própria reflexão sobre ela.
Menina, sou apaixonada pelo Zé e quebro muito a cabeça pra entender as músicas dele, adorei tuas reflexões a respeito e concordo com a maioria! Interpreta Frevo Mulher, sou louca por essa música, um beijo e parabéns!
ResponderExcluirOi, moça!
ExcluirEu também sou doida por ele. Frevo Mulher, eu acho que fala sobre Amelinha. Mas é achismo mesmo, viu? Continua comentando que eu amo e escrevo cada vez mais.
Beijão!
Fale sobre "A Peleja do Diabo com O Dono do Ceu"
ResponderExcluirOi!
ExcluirVou colocar na listinha de músicas para o blog, ok?
Um beijo e mande sugestões sempre que quiser!
Muitos não sabem, mas Zé ramalho foi garoto de programa por um tempo... reflita sobre a letra sobre este panorama. Percebe-se em trechos como " Espalho coisas sobre o chão de giz", "Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez", é comum os garotos de programa demarcarem os limites da "sua área" com giz no asfalto...a história de amor é somente um núcleo paralelo ao tema principal. Pensem sobre este ponto de vista que acharão novas interpretações!
ResponderExcluir