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O Contexto Social em “Natália”

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     Já havia feito uma pequena referência à música Natália no post que explica (de uma forma mais sentimental) a música Clarisse, também da Legião Urbana. Neste artigo eu havia dito que a canção Natália retrata uma sociedade. E é sobre a sociedade relatada na canção que eu vou falar neste post.
     A primeira coisa que deve-se tomar conhecimento é que, apesar do título da canção ser o nome de uma figura feminina (Natália), a música não fala de uma pessoa em si, como Faroeste Caboclo fala de João de Santo Cristo. Segundo os seus próprios versos, Natália fala sobre “nossa grande geração perdida, os meninos e meninas”. A música, bem como a canção A Cruz e a Espada, do Paulo Ricardo, fala da falta de perspectiva de toda uma geração.
     Renato Russo inicia a canção com os versos: “Vamos falar de pesticidas e de tragédias radioativas, de doenças incuráveis… Vamos falar de sua vida.”. Com isso Renato deixa clara a ausência de um futuro de toda uma juventude, representada aqui por Natália. Deixa claro também a tormenta que é a vida de tais pessoas, mergulhadas em problemas insolúveis e tragédias catastróficas. Uma vida sem nenhuma perspectiva de um futuro melhor.
     E Renato continua: “Preste atenção ao que eles dizem: ter esperança é hipocrisia, a felicidade é uma mentira e a mentira é a salvação.”. Ou seja, além de não terem perspectiva de futuro, os jovens desta geração também não têm ânimo para mudanças. Ter esperança não significará nada e a felicidade nunca chegará.
     Já deve estar claro que a sociedade relatada em Natália não tem época certa e determinada. Esta canção reflete todos os jovens, de ontem, de hoje e de amanhã.
     Seguindo em frente: “Beba desse sangue imundo e você conseguirá dinheiro. E quando o circo pega fogo, somos os animais na jaula”. Bem, quando dizem que dinheiro não traz felicidade, estão certos. E quando o dinheiro é conquistado a todo custo, as expectativas podem se transformar em decepção.
Outro ponto importante a respeito desses versos está no fato de os jovens representados por Natália estarem na base da “pirâmide social”. E, já que estamos falando de provérbios populares, “a corda arrebenta sempre pro lado do mais fraco”.
     E é em tudo isso que querem que acreditemos: que a nossa vida não tem mais solução. Mas o jovem tem ânsia por liberdade, novidades e está sempre querendo mais (mas você só quer algo tão doce). E muitas vezes esses anseios, sonhos, melhor dizendo, como no caso da canção Natália, vão muito além da realidade, tornando-se quase impossíveis (não confunda ética com éter. Quando eu penso em você eu tenho febre).
     Mas quem sabe, um dia, esses sonhos impossíveis se realizam? E, assim, quem sabe, um dia, o Renato Russo escreva uma canção para você, fazendo valer assim o termo belas-artes, que é atribuído à música.
     Os sonhos não se realizam por si mesmo. Não cairão do céu, caso você não faça nada. É complicado ter que conquistar tudo sozinho (é complicado estar só, quem está sozinho que o diga). E é ainda mais complicado quando estamos desmotivados; quando começamos a nossa caminhada tendo como base a tristeza e a solidão (quando a tristeza é sempre o ponto de partida, quando tudo é solidão).
     E tudo que nos resta é a esperança. Precisamos acreditar que dias melhores virão. Afinal, “amanhã é um outro dia, não é?” (A Via Láctea). E é preciso acreditarmos em nós mesmos, saber que, apesar de tudo ao nosso redor não nos favorecer, podemos conseguir tudo que queremos. E é preciso acreditar também na sorte.
     É preciso acreditar, ter fé em si mesmos, ter esperança, já que existem pessoas em situações bem piores (A escuridão ainda é pior que essa luz cinza, mas estamos vivos ainda).
     E quem sabe, um dia, quando os nossos sonhos se realizarem, Renato Russo escreve uma canção pra gente.
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Sobre a Autora:
Thamirys PereiraThamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal.

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11 comentários:

  1. Oi, Thamirys
    Fui apresentado ao teu blog por meu amigo Michael Alecksander, já faz algumas semanas, mas só agora faço contato porque achei que seria bom me pronunciar depois de começar fazer minhas própias interpretações com maior frequência coisa que só comecei a fazer esse ano. Meu primeiro texto foi sobre 'Natália' e, apesar de diferir em muitos pontos da tua, concorda em outros. Parabéns pelos textos, quando eu tinha 14 anos eu tirava boas notas em redação, mas não escrevia tão bem, nem refletia tão profundamente sobre as músicas(apesar de só fazer 5 anos, parece que eu tive 14 há uma eternidade). Vou comentar algumas letras de Renato Russo em meu blog esse mês, entre um poema e outro, e tua opinião seria de fato relevante.

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    1. Oi, Jorge Leandro!
      Eu lembro do Michael Alecksander. Obrigada pelos elogios, mesmo! Isso me estimula a escrever mais e mais.
      Fui lá no seu blog, fui ler seu artigo. Bem, ficou maravilhoso! Eu discordo em alguns pontos, como não poderia deixar de ser, mas, sinceramente, a tua visão é muito boa. E associada à filosofia, fica praticamente impossível que muitos discordem do que você diz.
      Voltando à canção, algo importantíssimo a ser ressaltado em "Natália" é o sentimento de esperança que está presente também em outras canções do Renato, como "Andrea Doria".
      A propósito, "mas você só quer algo tão doce". Eu também confundia com algodão doce.
      Obrigada, rapaz!

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    2. Muito boa a interpretação. Mas, ao mesmo tempo Renato falava dele, pois estava com depressão devido a sua enfermidade incurável, e por fim saberia que sua vida em breve seria extinguida por ela. E de fato aconteceu. No mais é isso mesmo que escrevestes rs Abs

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  2. Respostas
    1. Algodão doce faria sentido pensando no 'circo' do qual ele fala pouco antes, mas o sentido não muda muito, então não otivo para eu discordar.
      Obrigado pelo comentário, sinta-se à vontade para opinar mais, porque eu, sem dúvida aparecerei muitas outras vezes por aqui.

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  3. Muito bom o texto, gostaria também de poder escrever tão bem como você, a proposito essa é uma de minhas músicas favoritas.

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    1. Obrigada, Siro! Também é uma das minhas favoritas. Continue comentando.
      Quanto a escrever bem, creio que seja questão de prática e de leitura.

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  4. Muito bom o seu texto.Meus parabéns!Preciso fazer um artigo analisando uma música e escolhi as do Renato para fazer essa análise. Muito obrigada, seus textos são inspiradores.

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  5. Thamirys, você poderia fazer interpretação das musicas: Eu Era Um Lobisomem Juvenil e Metal Contra as Nuvens ????

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  6. Seguindo a ideia de que Natália representa uma sociedade, eu diria até que é referência a um país, pelo uso do mesmo sufixo presente em Gália, Itália, Austrália, etc. Pode ser entendido como a terra-natal, nação-mãe da sociedade retratada na letra. Renato era muito bom poeta, tinha uma criatividade e uma incrível competência no jogo-de-palavras.

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