Não consigo odiar ninguém, de Humberto Gessinger, não é uma música difícil de ser compreendida, porém muito inteligente e de uma beleza enorme. Numa música que retrata a tentativa de um eu lírico reatar seu relacionamento, Gessinger mostra todo o seu brilhantismo.
Humberto inicia a música dizendo: "não quero seduzir teu coração turista". Turista é toda pessoa que viaja para divertir-se, toda pessoa que faz uma viagem por prazer. Quando fala "não quero seduzir teu coração turista. Não quero te vender o meu ponto de vista.", Humberto Gessinger, talvez, refira-se a não querer convencer a pessoa com a qual se relacionava a reatar tal relacionamento (que provavelmente tinha por brincadeira), mas apenas querer expor sua opinião e deixar que ela reflita a respeito.
Logo em seguida, ele completa: "eu tive um sonho e há muito não sonhava, lembranças do futuro que a gente imaginava.". Bem, é comum que, num relacionamento, estável ou não, tracem-se sonhos, planos de futuro. Qualquer casal faz isso. E neste ponto, Humberto faz referência a este fato. Ele relembra o futuro que planejavam, ou melhor, o planejo do futuro. E o fato de "há muito não sonhar" nos dá a ideia de que há muito não faz planos, o que nos sugere que estejam separados há certo período de tempo.
E completa as sequências de versos que precedem o refrão pela primeira vez: "nem sempre foi assim, outro mundo é possível. Pode até ser o fim, mas será que é inevitável?". Com isso, podemos concluir que o eu lírico de Humberto Gessinger sugere claramente que a pessoa com a qual se relacionava repense sobre o fim do relacionamento, se é mesmo definitivo, se é mesmo inevitável.
Enfim, chegamos ao refrão. É comum que fiquemos com raiva, magoados, ou mesmo criemos o ódio, quando somos abandonados pelas pessoas que gostamos. No entanto, o nosso eu lírico simplesmente não consegue odiar a pessoa que o deixou. Possível motivo? O amor, quem sabe. E o fato de não conseguir odiar a tal pessoa, faz com que ela o ache louco, por achar que tal amor, que não se machuca nem mesmo com o abandono, pareça mais com a obsessão. Mas então o eu lírico argumenta: "eu não consigo odiar ninguém".
Seguem-se então os versos que eu, Thamirys, considero os dois mais bonitos da canção. O primeiro é: "O tempo parou, feito fotografia, amarelou tudo que não se movia", onde o eu lírico nos mostra que, ao fim do seu relacionamento, o tempo, o mundo parecia parado, como uma fotografia imóvel. Mas que, também como uma fotografia, amarelou com o passar do tempo que, apesar de parecer, não estava parado. O segundo é: "o tempo passou, claro que passaria, como passam as vontades que voltam no outro dia". Humberto Gessinger simplesmente quis nos mostrar que, passado o momento, não adianta insistir. E o tempo, inevitavelmente, passou tanto para o eu lírico quanto para a pessoa a quem ele fala durante toda a música.
Então, após e antes da repetição do refrão, complementando o sentido dos versos descritos no parágrafo anterior, Gessinger diz: "eu tive um sonho, o mesmo do outro dia, lembranças do futuro que a gente merecia". Nestes últimos versos inéditos ao corpo da canção, Humberto Gessinger me passa a ideia de desistência, onde o eu lírico desiste de convencer quem quer que seja a reatar seu relacionamento (coisa que jamais foi sua intenção inicial), afinal o tempo passou, o momento passou e o relacionamento acabou, ainda que ele guarde resquícios desse amor dentro de si e ainda ache que juntos teriam um belo futuro.
Sobre a Autora:Thamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal. Continue lendo sobre Thamirys Pereira ou Sobre o Blog Interpretação Pessoal. |
Parabéns, muito boa análise.
ResponderExcluirmuito boa!
ResponderExcluirBoa analise. Canção que me toca.
ResponderExcluirApesar de ter apenas 14 anos,consegue fazer uma bela análise(Cheia de detalhes).Continue assim que você vai longe.
ResponderExcluirExcelente análise. Quase que não acredito na tua idade. Meus parabéns :)
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