Gerações - Parte 1: Geração da Luz

     Hoje inauguro uma série especial chamada Gerações. Trata-se de três artigos que publicarei periodicamente, onde três maravilhosas canções do rock nacional serão analisadas com o objetivo de revelar a juventude que está por trás delas, a geração que as criou.
     Neste primeiro artigo, a canção analisada será Geração da Luz, de Raul Seixas.
      O baiano apresentou ao público a linda letra de Geração de Luz no seu décimo segundo álbum, "Metrô Linha 743", no ano de 1984, onde a canção, que, diferenciando-se das letras filosóficas que buscavam a qualquer custo difundir as idéias de Crowley e outros tantos, sempre me pareceu mais um conselho, ocupava o posto de última e décima faixa.
     Apesar da música ter sido lançada 5 anos antes de sua morte e Raul já estar com 39 anos naquela época, não deixa de existir juventude em cada palavra, em cada verso, em cada nota que se ouvia na linda última canção do décimo segundo álbum de Raul Seixas.
     Quando Raul Seixas inicia a sua modinha rock'n roll anos 50 em plena década de 80, percebe-se o sonho, a esperança que há nele mesmo e em toda a juventude da época.
     Raul começa a música falando de si mesmo e de seus esforços em busca de um mundo melhor. Esforços que, embora não praticados solitariamente, lhe renderam lucros, já que ninguém mais do que ele sabe que cada um colhe o que planta. E, no seu caso, o que foi plantado foi o ideal de um mundo melhor.

"Eu já atravessei a barreira do som,

fiz o que pude, às vezes, fora do tom.

Mas a semente que eu ajudei a plantar

já nasceu"

     Raul Seixas confiava no seu público, que era mais do que um amontoado de fãs, eram seguidores de sua ideologia. E, como todo filósofo, também acreditava em seus ideais. O homem mais importante do rock nacional acreditava que, caso suas idéias fossem realmente seguidas, teríamos um mundo muito melhor, mesmo que ele não pudesse acompanhar de perto a realização desse mundo, que embora não perfeito, seria um grande avanço.

"Eu vou, eu vou-me embora apostando em vocês.

Meu testamento deixou minha lucidez.

Vocês vão ter um mundo bem melhor que o meu"

     E Raul fazia mais do que nos dizer que teríamos um mundo melhor do que aquele no qual ele viveu. Ele dizia também que devíamos ser fortes. Dizia que muitos tentariam nos desanimar, mas que precisaríamos sempre lembrar que somos capazes de tudo o que quisermos, ainda que a situação seja a mais desfavorável possível.

"Quando algum profeta vier lhe contar

que o nosso sol está prestes a se apagar,

mesmo que pareça que não há mais luz,

vocês ainda têm, vocês ainda têm

a velocidade da luz pra alcançar"

     Pois, quando todo o mal que há no mundo se dissipasse, teríamos um culpado: nós mesmos. Nós, que não nos renderíamos aos modismos, como tantos, sendo a única esperança da humanidade. Nós, a geração dos anos 70 (ainda que a música tenha sido lançada em 84), a Geração da Luz.

"Além, depois dos velhos preconceitos morais,

dos calabouços, bruxas e temporais,

onde o passado transcendeu a um reinado de paz,

vocês serão o oposto dessa estupidez,

aventurando tentar outra vez.

A geração da luz é a esperança no ar!"

     Enfim, o que se conclui a partir da leitura da canção de Raul é que a geração dos anos 70 tinha ânsia de mudança, mas que, no entanto, apenas a ideia de mudar figurava em suas mentes. Afinal, a geração da luz ainda tinha a velocidade da luz pra alcançar.

     Mas ainda assim, era uma ideia. E essa ideia foi a base da revolução que foi, não apenas proposta, mas realizada pelos jovens dos anos 80. E tal revolução podemos perceber em Geração Coca-Cola, do Renato Russo, próxima música desta série.

Sobre a Autora:

Thamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal. Continue lendo sobre Thamirys Pereira ou Sobre o Blog Interpretação Pessoal.

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