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Minha Casa | Zeca Baleiro

Zeca Baleiro
     Apesar da minha paixão pelo rock nacional, não deixo de ter um certo apreço pelos outros ritmos e estilos musicais. Gosto da maioria das músicas que têm boas letras e um sentimento velado. E, na qualidade de boa letra, não poderia deixar de falar sobre a canção Minha Casa, de Zeca Baleiro.
     Ao ouvir essa canção pela primeira vez, pode-se pensar que trata-se de uma canção de amor (as pessoas tendem a achar isso pelo seu ritmo calmo e suas palavras transformadas levemente em poesia), mas, na verdade, trata-se de uma canção, como disse o próprio Zeca Baleiro, "de estrada. Apesar do aparente desencanto, é (...) uma canção de esperança.".
      Minha Casa conta os temores, os sonhos, a insegurança, as verdades de um eu lírico que decide sair da casa dos pais e seguir sua vida.
     O que fica claro nessa música é que, para interpretar o significado de uma canção, é necessário entendê-la como um todo, pois nem sempre o letrista relata seus sentimentos e acontecimentos numa ordem cronológica dos fatos.
     Zeca Baleiro começa, na voz de seu eu lírico, relatando as mais puras verdades. Ele diz: "é mais fácil cultuar os mortos que os vivos / mais fácil viver de sombras que de sóis / é mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro".
     Na verdade, o eu lírico, ainda nesses primeiros versos, fazia analogia com o ato difícil que é sair da casa dos pais. Para ele seria muito mais fácil continuar a viver com seus pais, mas não seria o melhor, assim como é bem mais fácil, embora não melhor, cultuar os mortos, viver de sombras, mimeografar o passado. E usa isso como meio de convercer a si mesmo que deixar a casa onde sempre viveu é o que deve ser feito.
     O eu lírico tem a saída da casa dos pais como um meio de liberdade, de libertação de sua alma. Quer formar a sua identidade, personalidade, imagem sem a interferência de ninguém, sem a influência de ninguém. Não quer ser triste, nem alegre, quer simplesmente ser único, ser ele mesmo. E a definição única de querer ser único que Zeca Baleiro encontrou foi querer "no escuro, como um cego, tatear estrelas distraídas".
     E o eu lírico continua a relatar os seus sentimentos e sensações. E, no fianl da terceira estrofe, afirma, suprindo a dúvida, que ainda que seja um ato difícil, ainda que encontre obstáculos, ainda que não seja a coisa mais fácil de se fazer, não pode parar, pois só assim poderá evoluir como ser humano. Ele, com certeza, sairá da casa dos pais.
     E na última estrofe, talvez a mais significativa da canção, o eu lírico lembra que, ainda que saindo de casa, jamais esquecerá dos pais. Ele compara a sua vida à uma escola de samba. E, para o ritmo samba, o instrumento de maior importância é, sem dúvidas, o tamborim, pois define a cadência e o desenho do samba. E, em sua vida, aqueles que definiram sua "cadência" e seu "desenho" foram seus pais. E onde estarão seus pais? Onde estarão seus tamborins? "Sentado na porta de minha casa, a mesma e única casa. A casa onde eu sempre morei".
      Realmente, apesar do aparente desencanto é, assim como para Zeca Baleiro, aos meus olhos (e ouvidos), uma canção de esperança.
Sobre a Autora:
Thamirys PereiraThamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal.

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