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Interpretações, Significados e Análises de Letras de Músicas

A lanterna e o Afogado em "Lanterna dos Afogados"

     Tenho uma grande dificuldade em interpretar as músicas d'Os Paralamas do Sucesso. E a razão dessa dificuldade está no fato de eu jamais me abster da melodia e do ritmo para achar o significado de uma música. E as músicas d'Os Paralamas, como todos já devem ter notado, ainda que tenham uma essência triste e melancólica, sempre possuem um ritmo animadinho, que acaba me confundindo muito.
     Lanterna dos Afogados, apesar de, por algum motivo, parecer uma música simples, deu muitos nós em minha mente. Mas aqui está a minha interpretação, depois de análises e análises de detalhes, acerca dessa canção.
     A música, cantada em primeira pessoa e dirigida a alguém especial, inicia-se com os versos "Quando tá escuro e ninguém te ouve, quando chega a noite e você pode chorar". Esses primeiros versos representam o estado emocional da pessoa a quem a música é dirigida. A partir deles, podemos presumir que tal pessoa sofre por algum motivo e, de certa forma, tenta esconder seu sofrimento, sua dor, seja no escuro, onde ninguém a vê, ninguém a ouve, ou à noite, quando todos já estão dormindo descansados e ela pode chorar em paz.
      "Há uma luz no túnel dos desesperados, há um cais de porto pra quem precisa chegar". Frequentemente usamos a expressão "luz no fim do túnel" referindo-nos a uma solução para um problema qualquer. Aqui não é diferente. A luz do túnel dos desesperados refere-se a uma solução para a vida (túnel) daqueles que não possuem mais perspectivas (os desesperados). E um cais, segundo o Dicionário Online de Português é uma "margem de um porto, geralmente empredada ou lajeada para facilitar o acostamento dos barcos, bem como sua carga e descarga".
      Um ponto importante e interessante em relação ao verso: "há um cais de porto pra quem precisa chegar" é que Herbert Vianna, autor da letra, fala "cais de porto" e não "cais do porto", como geralmente é mais mencionado. O fato de Herbert ter trocado as preposições nos dá uma idéia de que a expressão é uma metárfora, pois o cais não pertence realmente ao porto, nem mesmo é realmente um cais. O que existe, o que há, de verdade, é algo como um cais de um porto. Ou seja, o cais de porto, nesta canção, nada mais é do que alguém ou algo que existe para ajudar ao outro.
     No refrão, Herbert Vianna canta lindamente: "Eu tô na lanternos dos afogados, eu tô te esperando, vê se não vai demorar". Mas o que seria exatamente uma lanterna? E o que seria exatamente um afogado? Bem, afogado, debaixo d'água, por água abaixo, quando nossos planos vão por água abaixo e já não temos coragem de prosseguir somos afogados. E lanterna, claridade, luz, a luz no fim do túnel (outra vez), a solução. Na minha visão (sempre embaçada), o que Herbert Vianna quis dizer foi: "Eu tenho a solução para você, então, vê se não demora!".
      E ele continua: "Uma noite longa pra uma vida curta, mas já não me importa, basta poder te ajudar". Esses versos ressaltam a falta de perspectiva da pessoa a quem o eu lírico dedica suas palavras. E já diria Einstein, o tempo é relativo. A noite é longa por estar tomada pelo desespero e pela agonia. E tudo isso numa vida curta (quem sabe o problema do afogado desta letra não seja uma doença incurável?). Mas nada disso importa, o eu lírico apenas quer dar o seu apoio emocional e psicológico, quer apenas ajudar.
     "E são tantas marcas que já fazem parte do que eu sou agora, mas ainda sei me virar". Nesses versos, o eu lírico nos mostra que já sofreu várias outras vezes em sua vida, como sofre agora pela pessoa a quem dedica a canção, e que essas mágoas e sofrimentos deixaram marcas. Mas nos deixa claro também que, apesar de tudo, ainda sabe se virar. Apesar de tudo, para todo problema há solução.

Sobre a Autora:
Thamirys PereiraThamirys Pereira tem catorze anos, é aluna do curso integrado ao ensino médio de Controle Ambiental no IFPB e idealizadora do Blog Interpretação Pessoal.

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12 comentários:

  1. Duas pessoas sozinhas juntas não são mais duas pessoas sozinhas.
    @fabiomarcelo10

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  2. Adorei a interpretação, me ajudou a clarear muitas partes da música, como a última estrofe que você interpretou, mas sempre entendi a tal "lanterna" como um farol, pelo qual as embarcações se guiam, aquele que sinaliza onde o barco poderá atracar. Nesse sentido ele seria como um guia para a pessoa a qual ele se refere.

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  3. Exatamente o que eu entendo da música, muito bom!! =)

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  4. Eu entendo exatamente isso, mas acho que esse eu lirico é um espirito, espirito de um suicida, que vive preso em ciclo vicioso levando a pessoa a um suicídio.
    a "ajuda" no ponto de vista do eu lirico é a morte.
    http://coisasdazuh.blogspot.com.br/

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  5. Na verdade “lanterna dos afogados” é uma lenda caiçara que se conta nas praias… se você for olhar o mar durante a noite verá que no horizonte há inumeras luzes brancas oscilando, no passado as mães, para evitarem que seus filhos fossem brincar nas praias durante a noite, contavam que aquelas luzes eram pessoas mortas com lanternas que atraiam os desavisados, uma luz ilusória (e realmente é uma ilusão de ótica) na qual você nadava e nadava até se afogar e nunca encontrava… essa lenda é retratada no filme “Piratas do Caribe” onde o navio do Jack encontra pessoas mortas em barcos, essas pessoas carregavm lanternas… a história também coincide com o fato das viúvas que esperam eternamente seus maridos… elas iam para os cais e faróis e ficavam olhando essas luzes, imaginando que seria o amado voltando , mas isso nunca acontecia… o real sentido é um amor que se foi e que mesmo que você o espere ele não voltará… levanta também o questionamento, a morte é o fim?

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  6. Mas a "Lanterna dos Afogados" da música do H.Vianna era um hotel que existia no antigo porto de Salvador, onde as mulheres dos marinheiros costumavam esperar sua volta. Ali era um lugar de amor e de tristeza. Amor quando os companheiros retornavam e tristeza quando não voltavam...

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  7. Eu pensava que a inspiração era do "Bar Lanterna dos Afogados" do livro “Jubiabá”, de Jorge Amado, pois a letra fala sobre as mulheres dos pescadores que saem para pescar e nem sempre voltam para casa. Como o risco é frequente, as mulheres ficam aflitas, rezando e torcendo para que possam ver seus maridos novamente. Para essas mulheres a noite é longa e, mesmo sabendo que todos os dias é a mesma rotina, o medo sempre está presente. Essas mulheres ficam nos faróis, esperando seus maridos.

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    1. Sem dúvidas pois, no mesmo LP Onde foi lançada a música também há uma outra faixa com o título Jubiaba, e o enredo ficou todo ao redor do personagem Antônio Balduíno

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  8. Na verdade “lanterna dos afogados” é uma lenda caiçara que se conta nas praias… se você for olhar o mar durante a noite verá que no horizonte há inúmeras luzes brancas oscilando, no passado as mães, para evitarem que seus filhos fossem brincar nas praias durante a noite, contavam que aquelas luzes eram pessoas mortas com lanternas que atraiam os desavisados, uma luz ilusória (e realmente é uma ilusão de ótica) na qual você nadava e nadava até se afogar e nunca encontrava… essa lenda é retratada no filme “Piratas do Caribe” onde o navio do Jack encontra pessoas mortas em barcos, essas pessoas carregavm lanternas… a história também coincide com o fato das viúvas que esperam eternamente seus maridos… elas iam para os cais e faróis e ficavam olhando essas luzes, imaginando que seria o amado voltando , mas isso nunca acontecia… o real sentido é um amor que se foi e que mesmo que você o espere ele não voltará.

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  9. Adorei a interpretação. Aproveito para questionar se poderia interpretar a música Rosa Sangue dos Amor Eletro, pois é uma música que me intriga bastante.

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  10. Lanterna dos afogados é um bar no Rio de Janeiro, à beira mar. Ele fez esta música para a Paula Toller. Foram namorados.

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