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Eternamente Cazuza | O Tempo Não Pára

     As pessoas têm o péssimo hábito de associar todas as músicas do Cazuza, bem como de todos os artistas de sua época, com a ditadura militar (ou regime militar). Esquecem que ele, apesar de escrever grandes canções de protesto, também era ser humano e, conseqüentemente, escrevia suas letras em cima desse tema também.
     Com a música O Tempo não Pára não é diferente. A grande maioria das pessoas interpreta essa canção como um relato de fatos da ditadura militar. Mas não vejo assim.

     Não nego que a ditadura militar foi, por muito tempo, a fonte maior de inspiração dos grandes artistas. Também não nego que há nessa música um fundo que se baseia nos dias que decorreram a partir do golpe militar de 1964. Entretanto, não é esse o maior sentido da música.

O Tempo Não Pára

Disparo contra o sol.
Sou forte, sou por acaso.
Minha metralhadora cheia de mágoas...

Eu sou um cara
cansado de correr
na direção contrária,
sem pódio de chegada
ou beijo de namorada.
Eu sou mais um cara.

Mas se você achar
que eu tô derrotado,
saiba que ainda estão rolando os dados.
Pois o tempo não pára.

Dias sim, dias não,
eu vou sobrevivendo sem um arranhão,
da caridade de quem me detesta.

A tua piscina está cheia de ratos,
tuas idéias não correspondem aos fatos.
O tempo não pára.

Eu vejo o futuro repetir o passado,
eu vejo um museu de grandes novidades.
O tempo não pára, não pára, não.
Não pára!

Eu não tenho data pra comemorar.
Às vezes os meus dias são de par em par,
procurando uma agulha num palheiro.

Nas noites de frio, é melhor nem nascer.
Nas de calor, se escolhe: matar ou morrer.

E assim nos tornamos brasileiros.
Te chamam de ladrão, de bicha, de maconheiro,
transformam o país inteiro num puteiro,
pois assim se ganha mais dinheiro.

A tua piscina está cheia de ratos,
tuas idéias não correspondem aos fatos.
O tempo não pára.

Eu vejo o futuro repetir o passado,
eu vejo um museu de grandes novidades.
O tempo não pára, não pára, não.
Não pára!

Dias sim, dias não,
eu vou sobrevivendo sem um arranhão,
da caridade de quem me detesta.

A tua piscina está cheia de ratos,
tuas idéias não correspondem aos fatos.
O tempo não pára.

Eu vejo o futuro repetir o passado,
eu vejo um museu de grandes novidades.
O tempo não pára, não pára, não.
Não pára!

No CD Balada MTV - Barão Vermelho, há uma
belíssima versão da música O Tempo Não Pára,
na voz de Frejat
     É fato que essa canção tem mesmo um fundo que retrata a ditadura. Mas, diria eu, não a ditadura em si, e sim a sociedade daquela época, ou então aquela geração perdida e sem perspectiva de futuro e que, mesmo assim, continuava lutando, reivindicando direitos, derramando sangue por um ideal, vivendo cada dia de forma igual ao anterior.
     Cazuza, na minha visão, representou muito dele nessa canção, que falava de cansaço e da luta para, assim mesmo, não descansar.
      Não era fácil existir naqueles tempos. De nada adiantava tudo o que se fazia. Mas tudo continuava sendo feito. É sobre isso que fala essa música.
     Enfim, não perderei tempo tentando explicar uma canção que se auto explica. Já diria o Cazuza: o tempo não pára.

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5 comentários:

  1. Segundo o que a mãe dele falou no programa do gugu, essa música era para a mídia, pois já considerava que ele já estava morto.

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  2. A segunda e terceira estrofe desta musica tem muito de autocritica providenciada pelo amadurecimento forçado.

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  3. O tempo não para ontem em alguns aspectos são parecidos com os dias de hoje, o sistema comandando a massa o país na atual conjuntura passando o mesmos problemas de ontem,as dificuldades os meios de comunicação insistindo em estragar com grande influência as gerações futuras, e nós sempre na luta esperando que um dia melhore pois não é fácil viver é lutar correr atrás da nossa sobrevivência

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  4. As vezes a gente fica inventando, viajando em interpretações que o autor em nada disse ou quis dizer. A letra é simples, sem muito rebuscamentos e enigmas. O que o cara disse o que está na letra e pronto.

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  5. A música do Cazuza é um grito de resistência, como se a Esquerda dissesse para a Direita brasileira: - “mas se você achar que eu tô derrotado saiba que ainda estão rolando os dados porque o tempo, o tempo não para, a tua piscina tá cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos, te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro; nas noites de frio é melhor nem nascer, nas de calor, se escolhe, é matar ou morrer e assim nos tornamos brasileiros. O tempo não para, não para não, não, não, não, não para”.

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